Influência
Reajuste da energia fez inflação de Curitiba disparar em julho
Angieli Maros
Pressionada pelo reajuste de 24% na tarifa de energia, a inflação de Curitiba em julho foi a maior entre os 13 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A região metropolitana que engloba a capital paranaense fechou o mês passado com avanço de 0,50% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 12 meses, a inflação da capital ficou em 7,23%, atrás apenas do Rio de Janeiro (7,42%) e acima do índice nacional, que ficou em 6,50% no período.
A escalada da inflação na capital em julho foi mais expressiva do que no mês anterior, quando o índice ficou 0,37% maior. O comportamento vai na contramão do IPCA nacional, que fechou julho com alta de 0,01%, ante uma variação de 0,40% em junho.
O desempenho da inflação na região metropolitana de Curitiba pode ser explicado, principalmente, pelo reajuste de 24% na tarifa de energia elétrica do Paraná. A despesa com a tarifa compõe a variação do grupo Habitação. Não à toa, esse grupo foi o que mais contribuiu para elevar a inflação de Curitiba em julho, com variação de 1,2% no mês, e 8,13% no acumulado de 12 meses.
Com aumento de 1% no mês, também entra na lista dos vilões o grupo de Artigos para Residência, cujos preços ficaram, em média, 1,05% mais caros.
Recuo
Já a maior retração no índice ocorreu no setor de Transportes, com queda de 1,90%. "Transportes ainda reflete o contexto de preços de combustíveis represados. Mas, claro, esse preço ainda contingenciado será reajustado via Petrobras, influenciando na inflação futuramente", comentou o diretor do Centro de Pesquisa do Ipardes, Julio Suzuki.
Contrariando as expectativas do mercado, julho registrou a menor inflação dos últimos quatro anos para o mês. A taxa medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês com alta de 0,01%, contra 0,40% em junho, segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, porém, a inflação ficou exatamente no teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%.
Além do efeito pós-Copa sobre o desempenho de serviços medido principalmente pela queda nos preços de passagens aéreas (-26,8%) e hotéis (-7,6%) , a deflação dos preços dos alimentos contribuiu para trazer a inflação de volta ao teto da meta.
A variação de preços do grupo passou de -0,11% em junho para -0,15% em julho, com queda de 0,51% nos preços dos alimentos consumidos em casa. Além disso, o custo da alimentação fora do domicílio cresceu em ritmo menor 0,52% em julho, ante alta de 0,82% em junho.
Apesar do recuo da inflação em julho, não há tendência de declínio permanente do índice até o fim deste ano e começo do próximo, avaliam analistas. Mesmo com a queda no preço de alguns itens, a inflação de serviços, por exemplo, ainda acumula alta de 8,44% em 12 meses, bem acima dos 6,5% do índice nacional. O mesmo ocorre com os alimentos. Embora os preços tenham diminuído por dois meses consecutivos, a inflação acumulada pelo grupo Alimentação e Bebidas em 12 meses ficou em 7,69% em julho.
"A intensa desaceleração da inflação nas últimas semanas foi especialmente influenciada pela devolução de parte das altas de serviços observadas durante a realização da Copa e das quedas de diversos gêneros alimentícios", reforçou a economista Adriana Molinari, da Tendências Consultoria.
Pressão
Na avaliação do professor do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Alexandre Porsse, os serviços devem continuar pressionando a inflação, pois o crescimento da demanda está ligado ao aumento da renda no país. Além disso, trata-se de uma área menos sensível ao aumento dos juros e com dificuldades para contratar mão de obra. "A falta de trabalhadores pressiona os salários e, consequentemente, o preço dos serviços", afirma.
Para o coordenador do setor de Ciências Econômicas da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, o preço dos alimentos vai dar uma folga para a inflação nos próximos meses e o custo dos serviços, embora mais resistente em alguns pontos, deve se acomodar com o crescimento modesto do mercado de trabalho e ajuste dos salários.
Preços administrados
Com os preços livres mais comportados, a previsão é de aumento dos preços administrados que estão represados pelo governo, como o da gasolina. O aumento da tarifa de energia também deve pressionar o índice, fazendo com que inflação continue mais resistente. "Mesmo com a pressão dos preços administrados, não creio que a inflação ultrapasse o teto da meta neste ano ou no início do próximo, mas também não vejo movimento de recuo para o centro da meta. Deve ficar entre 6% e 6,5%", avalia o professor da UFPR Alexandre Porsse.
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