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"O crescimento não foi impactado de forma significativa pelas medidas restritivas. Ele segue alimentando a inflação ao aumentar a demanda por bens tanto de produção quando de consumo." Ken Peng, economista do Citigroup | Aly Song/Reuters
"O crescimento não foi impactado de forma significativa pelas medidas restritivas. Ele segue alimentando a inflação ao aumentar a demanda por bens tanto de produção quando de consumo." Ken Peng, economista do Citigroup| Foto: Aly Song/Reuters

O crescimento do PIB chinês em 2010 – inesperados 10,3%, acima das previsões dos analistas – mostram que muitos economistas têm razão ao considerar que o governo precisará rever sua política monetária, levando a uma valorização do iuan em relação ao dólar, algo que o governo norte-americano veria com bons olhos, já que vem pressionando a China nesse sentido. O câmbio é, inclusive, um dos temas principais na visita do presidente chinês, Hu Jintao, aos Estados Unidos. No entanto, ainda que Pequim tenha permitido uma leve valorização de sua moeda desde meados de 2010, a mudança foi pequena, e os analistas estimam que deve seguir assim no futuro próximo.

A economia chinesa, impulsionada por empréstimos e uma significativa parcela de projetos de investimento estatal, superou o Japão no ano passado para se tornar a segunda maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas a inflação, que se tornou uma enorme preocupação para as autoridades recentemente, fechou o ano em 3,3%, acima da meta oficial de 3%. Nas ruas, os chineses vêm reclamando de constantes aumentos nos preços dos alimentos, com alguns itens subindo 25% nos últimos meses.

E muitos economistas estimam que a inflação continue subindo no curto prazo, graças a condições meteorológicas ruins para a agricultura e outros fatores sazonais, como o ano-novo chinês em fevereiro, quando costuma haver um aumento nos gastos domésticos. Salários em alta também contrubuíram para a pressão inflacionária nos últimos meses.

Ao longo do ano passado, o governo tomou uma série de medidas para segurar o crescimento do país, mas o resultado foi moderado. "O crescimento não foi impactado de forma significativa pelas medidas restritivas. Ele segue alimentando a inflação ao aumentar a demanda por bens tanto de produção quando de consumo", afirma, em nota, Ken Peng, economista do Citigroup. "Isso deve dar às autoridades carta branca para atitudes ainda mais drásticas para conter a inflação", acrescenta.

Alguns analistas ainda afirmam que uma maneira de combater a inflação seria valorizar a moeda. Um iuan mais forte facilitaria que companhias chinesas importassem matéria-prima e bens, ajudando a manter baixos os preços para o consumidor doméstico. Mas eles não esperam que Pequim se mova rapidamente neste campo. Brian Jackson, do Royal Bank of Canada em Hong Kong, afirmou, em nota, que espera uma taxa de 6,20 iuans por dólar no fim do ano. Ontem, a moeda era negociada a 6,58 iuans por dólar.

Vistos em um cenário mais amplo, os números permitem outras conclusões sobre a economia chinesa. O governo parece capaz de conter a montanha-russa que caracterizava o país nas primeiras décadas da reforma econômica, os anos 1980 e 1990. "Os ciclos ficaram mais estáveis", diz Helen Qiao, economista do Goldman Sachs. "Agora as mudanças não são mais tão dramáticas", descreve.

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