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A crescente classe média brasileira, que representava em 2008 cerca de 41% da população em 2008, está otimista e acha que sua situação melhorou nos últimos cinco anos, mostra estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta terça-feira (9).

Entretanto, a informalidade é um obstáculo à continuidade do aumento do contingente definido como classe média no Brasil. O estudo da CNI, feito pelos cientistas políticos Amaury de Souza e Bolívar Lamounier, divide este contingente populacional entre "classe média tradicional" (renda média familiar de R$ 4,8 mil por mês) e "classe média baixa" (renda entre R$ 1,1 mil e R$ 4,8 mil).

O estudo, transformado no livro "A Classe Média Brasileira – Ambições, Valores e Projetos de Sociedade", diz que o forte caráter informal do mercado brasileiro pode ser um obstáculo ao crescimento da classe C. Uma parte importante desta população é formada por microempreendedores que atuam principalmente na informalidade, diz Lamounier, e esse é um dos problemas.

"O mercado informal esbarra em um limite, acima do qual o empreendedor não consegue crescer. No serviço público, o governo tem capacidade de absorver cada vez menos funcionários. E no setor privado, as empresas cada vez mais poupam mão-de-obra. Os que ficam são mais qualificados e melhor remunerados", diz ele.

Para quem trabalha na informalidade, o principal problema é o acesso ao crédito necessário para crescer, além da dificuldade de conseguir contratos com empresas maiores devido à falta de documentos.

Nas empresas privadas, a dificuldade é que vários setores contratam cada vez menos, pois mais tarefas são realizadas eletronicamente. Os funcionários que ficam não realizam mais tarefas repetitivas e por isso precisam ser melhor qualificados para lidar com as novas tecnologias. O setor bancário e o industrial são exemplos dessa tendência, segundo os autores.

Por isso, os autores do livro consideram que são necessárias mudanças no Brasil, como maior acesso a educação de qualidade, para qualificar funcionários para a iniciativa privada, e reforma tributária e reforma trabalhista, para permitir a formalização dos pequenos empresários.

Situação melhor

Mais da metade das pessoas da classe A/B (classe média tradicional), da classe C (classe média baixa) e também da classe D consideram que a situação das pessoas da sua classe social melhorou nos últimos cinco anos.

Da classe A/B, 58% acham que a situação melhorou, contra 31% que acreditam que ficou igual e 9% que acham que piorou. Já na classe C, 56% acreditam que ocorreu melhora, ante 31% que vêem situação igual e 12% que enxergam piora. Só na classe baixa, a classe E, a percepção é mais negativa: são 43% que vêem melhora, contra 44% que vêem situação igual e 12% que enxergam piora.

Para Souza, vem havendo um alargamento da classe média em países emergentes, mas o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para chegar ao nível dos Estados Unidos, por exemplo, onde 90% da população está na classe média.

"O que define a classe média, principalmente, é a estabilidade de renda. Da classe C para baixo o grande problema é essa instabilidade do ganho mensal", diz o cientista político.

Ascensão

A classe C está atenta aos desafios do mercado de trabalho, mostra a pesquisa. "A classe C faz um esforço muito grande para se aproximar da classe A/B, que 'investe' muito para se manter onde está", diz Amaury de Souza. Na classe média tradicional, 71% têm plano de saúde, 54% têm filhos em escolas privadas e 48% têm investimentos, percentuais que são de 40%, 30% e 32% na classe C, mostra a pesquisa CNI/Ibope.

Essa preocupação também é refletida na busca pelo que os cientistas políticos chamam de "instrumentos de produtividade", como celular, computador e internet de banda larga, todos com penetração ao menos 80% na classe A/B. Na classe C, são 89% com celular, 52% com computador e 34% têm banda larga. Esses itens são chamados de instrumentos de produtividade porque são usados principalmente para obter informações e conhecimento e não só para o entretenimento.

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