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Usuário brinca com o Kinect em uma loja de Miami: controle começou a ser vendido nos EUA na quinta-feira | Joe Raedle/AFP
Usuário brinca com o Kinect em uma loja de Miami: controle começou a ser vendido nos EUA na quinta-feira| Foto: Joe Raedle/AFP
  • Kipman: trabalhando para fazer a tecnologia desaparecer dos games

Se depender do curitibano Alex Kipman, o mundo inteiro estará rebolando em frente aos televisores nos próximos meses. Diretor de incubação do Xbox 360, ele está a frente do principal lançamento do mundo dos videogames deste ano, o Kinect, um acessório acoplado ao console que usa sensores de imagem e de som para abolir o uso de controle das mãos dos jogadores. O produto chegará oficialmente no Brasil no dia 18.

Filho de diplomata, Kipman viveu apenas os primeiros quatro anos na capital paranaense, mas não a abandonou completamente. "Eu tenho minha fa­­mília inteira aí e vou direto. Vi­­sitei a cidade em maio e vou qua­­se todo o natal". Com 31 anos, morou em diversas cidades pelo mundo, mas se encontrou em 2001, quando começou a trabalhar como programador na Microsoft. Há quatro anos, assumiu a direção de novos projetos do setor de games da em­­presa, quando, durante uma vi­­sita a Curitiba, teve uma ideia revolucionária: acabar com os botões dos videogames. "Me­­lhor jeito de ver o futuro é in­­ven­­tá-lo", costuma dizer. De pas­­sagem por São Paulo para o lançamento do produto no Brasil, Kipman concedeu, por telefone, uma entrevista exclusiva à Gazeta do Povo.

Quando você decidiu que queria trabalhar com games?

Comecei a jogar videogame quando tinha cinco anos. Me apaixonei por este estilo de arte e aprendi a programar. Desde então fiquei mais imerso neste ramo.

Como surgiu a ideia do Kinect?

Eu estava em uma chácara bem linda em Curitiba. Num lugar onde não havia nenhum tipo de tecnologia. Pensei em como seria se a tecnologia fosse usada só para nos ajudar. Se olhar pa­­ra o mundo de hoje, a tecnologia nos escraviza e cada vez vai ficando mais complicada, com mais botões e instruções. Eu queria fazer o oposto. Fazer a tecnologia desaparecer.

Como?

Os botões e teclados eram uma barreira, que deixavam algumas pessoas intimidadas. O que queria era apagar os controles e botões e fazer com que a tecnologia desaparecesse para utilizar o melhor controle do mundo, nós. Queria mudar o mundo onde temos que apren­­der tecnologia para um em que a tecnologia nos entenda. No nosso mundo (Kinect), você só entra em frente ao sensor e ele te reconhece. Sabe a di­­ferença entre você, seus amigos e familiares. E também re­­conhece voz. Além de ver você pode falar que o sistema o escutará. A ficção científica virou um fato científico pela primeira vez com o Kinect. Quando as pessoas entram na frente dizem ‘Uau! Essa coisa realmente funciona’.

O Kinect é uma evolução dos sensores de movimento do Wii?

É completamente diferente. Não existia nenhum jogo até agora em que você pudesse usar o corpo inteiro. Nenhum que pudesse usar voz e conversar com o sistema naturalmente. Nenhum jogo que te conheça, em que você entre na frente do videogame e te diga quem você é. Que te coloque dentro do jogo sem ter que apertar bo­­tar ou calibrar nada. Esta combinação cria experiências mais emocionantes no jogador. Uma relação mais emocional com estas criaturas imaginárias. Com o Kinect, estamos criando cores novas que nunca existiram antes.

Quem vai jogar o Kinect?

Todo mundo. Nós já tínhamos e vamos continuar tendo o me­­lhor console para o pessoal hard­­core (como são chamados os jogadores mais experientes). Agora estamos tentando mostrar que conseguimos fazer ou­­tras coisas com um portfólio di­­versificado. No lançamento do Kinect, preparamos lançamentos mais casuais para mostrar a elasticidade do nosso le­­que de jogos.

Mas o Kinect só terá jogos mais simples?

Já anunciamos cinco jogos que são hardcore.

Antes do lançamento, um dos maiores temores era de que o acessório apresentasse um baixo tempo de resposta entre os movimentos dos usuários e os jogos, como ficou evidente em algumas apresentações pú­­blicas para a imprensa.

Isso não existe. Quem fala isso geralmente é porque não jogou ainda. Se tivesse qualquer tipo de lag você não poderia jogar jo­­gos de corrida, por exemplo. É tudo em tempo real.

O Kinect transcenderá os ga­­mes e chegará a outros aparelhos, como computadores?

Esse mundo de liberdade da tec­­nologia começa em novembro com o Xbox 360, mas é uma coisa muito maior. Mas não pos­­so dizer mais nada.

Como um curitibano pode chegar ao topo da indústria de games?

Não é fácil. É preciso acreditar e trabalhar duro. Meu trabalho é 1% inspiração, 1% sorte e 98% transpiração. Quem trabalha duro ganha na vida.

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