O apetite paranaense por atrair montadoras foi tal que não houve obstáculo para que Volkswagen e Renault instalassem suas fábricas e condomínios de fornecedores em áreas de mananciais da região metropolitana de Curitiba a empresa alemã na bacia dos rios Cotia e Despique e a francesa, na bacia dos rios Pequeno e Itaqui. Em ambos os casos, contrariando uma série de leis estaduais e federais que determinam a proteção dessas regiões.
A contradição das políticas governamentais foi apontada pela pesquisadora Helena Lisboa nas conclusões de sua dissertação de mestrado em Geografia, apresentada em 2008 na Universidade Federal do Paraná (UFPR): "Ao mesmo tempo em que reconhecem a importância dos mananciais, desconsideram as próprias leis criadas para sua proteção, na medida em que facilitam, e até mesmo financiam, a instalação de indústrias nessas áreas".
Ao avaliar fábricas instaladas sobre mananciais no aglomerado metropolitano conjunto que reúne a capital e 11 cidades do entorno , Helena constatou que a maioria tem sistemas de gestão ambiental, o que, no entanto, não elimina completamente os riscos. E, segundo ela, ainda há empresas que nem sequer tratam seus efluentes antes de despejá-los nas redes públicas de drenagem e esgoto.
Planejamento
Olga Lúcia de Freitas Firkowski, professora do departamento de Geografia da UFPR, ressalta que a indução à ocupação industrial de áreas a leste de Curitiba contraria o próprio planejamento metropolitano, dos anos 70. "Ele previa toda a função industrial a oeste de Curitiba, onde se implantaram a Cidade Industrial e o centro industrial de Araucária. Mas, 20 anos depois, ocorreu uma inversão completa", diz.
"Eu tenho a convicção de que a Renault, por exemplo, não está causando poluição, por ter uma série de mecanismos de controle. Mas é preocupante o precedente que se abriu. Para atrair uma fábrica, se muda a legislação. Então como é que o governo vai argumentar que não pode haver ocupações irregulares em determinadas áreas?"
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