O Banco Central revisou suas previsões e avalia agora que os bancos públicos vão puxar novamente o aumento do crédito em 2010. Para analistas, a injeção de dinheiro público realizada nessas instituições nos últimos meses é um fator que pode garantir a eles a manutenção da liderança nesse segmento por mais algum tempo.
Em dezembro, a expectativa do BC era a de um aumento de 17,1% na carteira dessas instituições, atrás dos 20,5% esperados para os bancos privados nacionais e 24,5% dos estrangeiros que atuam no país. Agora, espera-se um crescimento de 20% entre os estatais e de 19% para as outras instituições.
O BC não explicou o motivo dessa revisão. Disse apenas que os números são alterados mensalmente com base nos dados divulgados pelo setor e na conjuntura econômica.
Desde novembro, os bancos estatais passaram a deter a maior fatia no estoque de financiamentos concedidos pelo sistema financeiro, depois de registrar um crescimento de 31% ao longo de 2009, dentro da política do governo de evitar uma paralisação no crédito. Já as instituições privadas nacionais reduziram a liberação de empréstimos durante o momento mais grave da crise e cresceram apenas 9%, enquanto os estrangeiros ficaram praticamente estagnados.
Com a liberação de mais crédito e a compra de carteiras de bancos em dificuldade, instituições como Banco do Brasil e Caixa sofreram uma descapitalização. Para seguir emprestando, tiveram de buscar recursos para incorporar ao seu patrimônio. A Caixa já recebeu R$ 6 bilhões do governo. O BB buscou recursos no setor privado, com a emissão de dívida, mas prepara uma nova oferta de ações que pode levantar até R$ 10 bilhões. Dois terços desse dinheiro devem sair do Tesouro.
Na avaliação de especialistas, os bancos privados ainda podem ter problemas de risco, sobretudo os estrangeiros. Assim, o apetite para conceder crédito fica mais restrito. "Esses bancos estão ainda sofrendo as consequências da crise na Europa, o que acaba elevando os riscos e refletindo nas concessões de empréstimos", avaliou o vice-presidente da Anefac (associação que reúne os executivos de finanças), Miguel Oliveira.
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