• Carregando...

Véspera de feriado de Páscoa. O diretor de arte Lierson Mat­tenhauer queria se acabar com o novo "Mortal Kombat". Mas quando foi jogar, não conseguiu logar na Playstation Net­work (PSN). A notícia veio via Twitter e Facebook: a rede havia caído. Era grave. A PSN ter saído do ar, no fim, foi o menor dos pro­­blemas. Assim como Mat­tenhouter, estima-se que 100 milhões de membros da rede tiveram dados como nome, en­­dereço, telefone e número do cartão de crédito expostos em uma falha de segurança quase sem precedentes.

A rede foi invadida por ha­­ckers e até agora não se sabe ao certo a extensão do vazamento. "Foram expostos meu nome, CEP, Fa­­cebook, Twitter, time do coração, cartão de crédito, o nome dos meus amigos", enumera o diretor de ar­­te, membro da rede há pouco mais de dois anos.

Os usuários ficaram sem saber exatamente o que é que estava acontecendo com a rede por pelo menos cinco dias. "To­­do mundo já estava falando sobre o vazamento de dados quando a Sony finalmente se manifestou", diz Marcelo Kron­berg, gerente de produto, que também usa o serviço. A empresa mandou aos usuários um e-mail com instruções de segurança e um pedido de desculpas.

Kronberg, porém, não está tão preocupado: seu cartão de crédito cadastrado na rede foi cancelado por clonagem três dias antes do vazamento, e os dados cadastrados estão errados – o endereço que está ali é o do Google, em Mountain View. "Mas no lugar de alguém que tem um cartão ativo, endereço preenchido corretamente e uma senha genérica, eu estaria arrancando os cabelos", diz ele. "A Sony guardava todos os passwords em plain text. Aí é só bater e-mail e senha roubada com um monte de serviços por aí, Facebook, Twitter, Gmail e por aí vai."

A Sony registrou outra invasão no dia 2 de maio e a verdade é que até agora ninguém sabe ao certo as consequências do problema. Nem de onde veio o ataque. O que fica claro é que os consumidores confiam nas empresas ao fornecer informações e não têm a garantia sobre como os dados serão guardados e como eles serão usados. Se­­gundo a Sony, a coleta de da­­dos aconteceu entre os dias 17 e 19 de abril. Um dia depois, a PSN foi tirada do ar. Nomes, en­­dereços, e-mails, datas de nascimento, lo­­gins e senhas com certeza já foram revelados – há dúvidas sobre o vazamento dos dados bancários dos usuários.

O problema é tão grave – é só pensar que mais de 100 mi­­lhões de pessoas foram atingidas em 60 países – que o go­­verno dos EUA e até o do Brasil já pediram explicações à em­­presa. "O caso da Sony é em­­blemático", diz Danilo Do­­neda, coordenador-geral de supervisão e controle do departamento de proteção ao consumidor do Ministério da Justiça. Aqui no Brasil, a legislação não prevê penalidade para o vazamento de dados, a não ser que haja algum prejuízo comprovado. Mas dependendo da ex­­tensão dos danos a usuários bra­­sileiros, a Sony pode ser mul­­tada.

O uso de dados falsos no cadastro de brasileiros que utilizam a PSN não inviabiliza a ação judicial. "A oferta do serviço já configura uma relação", diz Doneda.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]