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Escolhas

Aos 70 anos, ele prefere produtos mais arriscados

Cíntia Junges

O aposentado Jaime Cavilha, de 70 anos, optou por diversificar seus investimentos e escolheu produtos menos conservadores como ações, Tesouro Direto e fundos imobiliários. "Quando existia aquela inflação altíssima qualquer aplicação trazia bons rendimentos, mas hoje, com os juros baixos, é preciso arriscar mais", afirma Cavilha, que além da sorte e do conhecimento acumulado ao longo dos anos como economista e contador, conta com ajuda especializada para manter seu portfólio de produtos. Entre as aplicações com bom retorno, ele destaca os fundos imobiliários, que são isentos de IR e costumam render acima da inflação e, em alguns casos, até acima da taxa básica de juros. Mas é preciso acertar na escolha, alerta o aposentado. "Considero os fundos imobiliários de shoppings e hoteis os mais seguros em termos de rendimentos", diz.

Preços em alta de bens e serviços no país são inimigos na trincheira dos aplicadores interessados em ganho real no curto prazo, como aposentados e pensionistas, que pretendem desfrutar dos recursos na atualidade em vez de mantê-los por mais tempo na esperança de crescimento do retorno financeiro.

Devido à lentidão da bolsa e à redução do juro básico (taxa Selic), mantido em 7,25%, poucos devem colher renda acima da inflação em 2012, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), base para a meta de inflação do governo, já alcança 5,01%, ainda sem o resultado dezembro, que sairá no dia 10. E o cenário deste ano segue com pressão inflacionária. "Houve corte drástico dos juros no país, mas inflação de primeiro mundo ainda vai demorar", avalia Paulo Bittencourt, diretor-técnico da Apogeo Investimentos.

Acostumados com a época da inflação galopante, quando as aplicações também apresentavam ganhos exorbitantes, ainda que ilusórios, lembra Bittencourt, os investidores precisam enfrentar desafios para obter ganho robusto no curto e no médio prazo. Aposentados ou trabalhadores que estão perto da aposentadoria, que buscam resultados imediatos por conveniência, pois já deram duro economizando muitos anos, terão de se adaptar à nova realidade, aprimorando conhecimentos e acompanhando regularmente o vaivém do mercado. "Quem quiser ganhar da inflação no curto prazo precisa assumir mais riscos, além de buscar orientação de profissionais de confiança", reforça Zulmir Tres, diretor da Sparta Assessoria de Investimentos.

Diversificar os recursos em várias alternativas, segundo os especialistas, é a melhor estratégia em qualquer circunstância, especialmente por meio de escalonamento do dinheiro conforme previsão de uso. É preciso ter noção de que em ativos de renda fixa, quanto maior o período da aplicação, maior tende a ser a rentabilidade. No mercado acionário, que teve lucro médio de 7,4% em 2012, existem oportunidades, mas jamais deve-se comprar ações ou cotas de fundos com data para resgate, pois o tempo do mercado nem sempre segue o calendário do investidor.

Para onde ir

Conheça alguns produtos com chances de renda acima da inflação no curto e médio prazo.

Fundos atrelados à inflação

Fundos compostos por papéis atrelados à inflação. Ou seja, têm remuneração pós-fixada com base na inflação, além de porcentual fixo adicional, entre 1% e 2% ao ano. Há risco de a inflação cair de repente, reduzindo o ganho nominal. Quer dizer, pode ficar abaixo do nível da taxa básica e até mesmo do rendimento da caderneta.

Títulos públicos

Papéis do governo com renda conforme a inflação do período, como as Notas do Tesouro Nacional (NTN-B). O risco é de queda drástica da inflação, que comprometeria o resultado final. O risco é de o ganho efetivo ficar abaixo do esperado.

Debêntures

São títulos lançados por companhias privadas com perspectiva de ganho acima da Selic, mas é necessário avaliar com precisão os fundamentos da empresa, como dívida e receita. É importante ter noção de que esses papéis não têm garantia do governo em caso de falência da empresa emissora.

Fundos imobiliários

Com isenção do IR, que consome de 15% a 22,5% do ganho nas demais aplicações, os fundos imobiliários têm possibilidade de ganho acima da taxa básica e da inflação, especialmente os formados por créditos de empresas sólidas. Por tratar-se de grupos fechados, porém, pode haver dificuldade em caso de necessidade de saída, pois o resgate requer a venda da cota a outro interessado.

Outros produtos

Os CDBs podem superar a inflação caso o cliente obtenha taxas próximas do nível da Selic, pois o IR consome de 15% a 22,5% do ganho nominal. Nos fundos de investimentos, taxas de administração acima de 1% podem comprometer sua remuneração. A caderneta de poupança deve, na melhor das hipóteses, empatar com a inflação. Em 12 meses, a poupança projeta ganho de 5,08%.

Mercado acionário

Ações de empresas que pagam dividendos garantem ganho anual independentemente de seu desempenho no mercado. Dependendo da empresa, o retorno pode superar a taxa básica. Menos companhias, porém, vêm oferecendo dividendos em relação aos anos anteriores. Houve redução especialmente de empresas de energia elétrica, um dos setores que mais pagava dividendos.

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