Gasolina
Embora haja quem aposte em alta da gasolina logo após as eleições, economistas ouvidos pela Gazeta creem que o reajuste deve vir só em 2013. "O governo terá de autorizar o aumento, para não piorar as contas da Petrobras. Mas pode fazer isso de forma escalonada, diluindo a pressão sobre a inflação", diz Lucas Dezordi, da Inva. Priscila Godoy, da Rosenberg, vê pouco espaço para uma alta imediata. "Isso levaria o IPCA a 5,8% e deixaria o Banco Central em maus lençóis", diz.
A inflação desceu a ladeira por nove meses, mas voltou a subir em julho e não deve parar tão cedo. Vai terminar o ano mais fraca que em 2011, mas ainda um tanto acima do centro da meta do Banco Central, e provavelmente só perderá força no segundo trimestre de 2013. A avaliação é de economistas consultados pela Gazeta do Povo.
ÁUDIO: Ouça a entrevista com o economista Lucas Dezordi sobre o comportamento da inflação
Depois de recuar de 7,31% para 4,92% entre setembro de 2010 e junho deste ano, a taxa acumulada em 12 meses do IPCA principal índice de preços do país ganhou força neste segundo semestre, com a disparada dos preços dos alimentos. Chegou a 5,28% em setembro e caminha para fechar outubro acima disso. O IPCA-15 deste mês, espécie de prévia do IPCA "cheio", trouxe um índice anualizado de 5,56%, mais de um ponto porcentual além do núcleo da meta do BC, que é de 4,5%, com tolerância de dois pontos para baixo ou para cima.
"A explicação para a inflação dos alimentos está na quebra de safra nos Estados Unidos, que provocou aumentos nas cotações do milho, da soja e do trigo, muito importantes para a cadeia produtiva do agronegócio", diz Lucas Dezordi, economista-chefe da Inva Capital, de Curitiba. Pelas contas dele, sem esse choque de oferta a inflação estaria bem menos pressionada, girando em torno de 4,7%.
Em um primeiro momento, a seca na América do Norte se refletiu nos preços dos grãos e de seus derivados; mais recentemente, a carne também ficou mais cara. "A disparada dos grãos encareceu a ração, e isso ocorreu junto com a chamada entressafra do gado", comenta a economista Priscila Godoy, da consultoria paulista Rosenberg & Associados.
Outros itens ajudam a manter o IPCA lá em cima. Embora tenha peso menor que o dos alimentos na composição do índice, o grupo mais inflacionado do ano é o de despesas pessoais. Seus preços subiram 7,75% de janeiro a setembro, puxados principalmente pelo aumento do salário dos empregados domésticos (11,27%). Despesas com educação aparecem na sequência (7,48%), sob impacto de reajustes de mais de 10% nas mensalidades escolares. "Além disso, não vimos a queda dos preços característica da troca de estação no vestuário, item que normalmente tem deflação em setembro. Consequência da demanda ainda aquecida", diz Priscila.
Projeções em alta
O avanço dos preços contagiou as projeções. No início de julho, os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central apostavam que o IPCA terminaria o ano em 4,85%; hoje a expectativa média é de 5,44%. Para Dezordi, o índice deve alcançar 5,5% ou 5,6% em dezembro, e 5,6% ou 5,7% em março, para só então começar a cair. "A partir de abril, maio, o processo inflacionário deve dar uma trégua", diz. Um dos pontos positivos é a esperada queda do preço da energia, que pode tirar até 0,5 ponto do IPCA, segundo o governo.
-
Tragédia humanitária e econômica: chuvas derrubam atividade no RS e vão frear o PIB nacional
-
Julgamento de Moro no TSE pode fixar limites para gastos na pré-campanha
-
Ao demitir Prates, Lula se proclama o dono da Petrobras
-
Governo tentou manter “saidinhas” de presos em troca de não criar novo crime de “fake news”
Com gestão acolhedora das equipes, JBA se consolida entre maiores imobiliárias da capital
Tragédia humanitária e econômica: chuvas derrubam atividade no RS e vão frear o PIB nacional
Governo eleva projeção para o PIB, mas não põe na conta os estragos no Rio Grande do Sul
Movimentação de cargas cai pela metade e derruba arrecadação do Rio Grande do Sul