As medidas tomadas pela equipe econômica do governo na tentativa de reaquecer a atividade econômica no País são pontuais e servem apenas para apagar incêndios, avaliou Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o economista, as políticas de curto prazo não resolvem o principal objetivo para um crescimento sustentado do Brasil, que é a retomada dos investimentos.
O Ipea apresentou nesta terça-feira a 19ª edição do Boletim Conjuntura em Foco, que traz análises sobre a competitividade industrial, investimentos produtivos e retomada do crescimento econômico.
"Estamos perdendo o foco da política econômica. A política econômica está se transformando num emaranhado de medidas desconexas, pontuais, que não estão atuando no sentido de ganhar tempo para que se encontrem estratégias de longo prazo. As estratégias de longo prazo passaram a ficar de lado", alertou Messenberg.
"Em vez de você largar mão dessas medidas pontuais, de cunho de mais curto prazo, de resolver problemas localizados, isso passou a dominar a lógica da política econômica. Aí não iremos aumentar a taxa de investimento no Brasil", acrescentou.
O pesquisador do Ipea acredita que as medidas de redistribuição de renda e estímulo ao consumo eram apenas paliativas, visando expandir a demanda interna em meio a um cenário internacional complicado. O caminho tomado pelo governo àquela época era justificado, porque era possível ganhar tempo para construir uma política de longo prazo para o crescimento do País.
"A gente estava caminhando nessa direção há um tempo, a gente tinha medidas paliativas pra expandir a demanda diante do cenário internacional, mas que se justificava de forma a ganhar tempo para construir melhor um crescimento da economia. Agora tem um movimento inverso, se afastando da estratégia de longo prazo, porque ela entra em conflito com essas medidas pontuais de curto prazo, de apagar incêndios para manter um nível de atividade relativamente estabilizado", apontou Messenberg.
"Não está sendo mais estratégia de ganhar tempo. Você está abrindo mão dessa estratégia de longo prazo, uma estratégia de crescimento organizado, em função do curto prazo. Isso é perigoso".
Tábua de salvação
Para Messenberg, a economia brasileira chegou a um momento em que o investimento público passou a ser a tábua de salvação para manter a saúde da atividade doméstica.
O atual cenário é de menor rentabilidade das commodities e desaquecimento do consumo causado pelo esgotamento do comprometimento de renda do consumidor. Com isso, houve declínio do investimento privado, já desestimulado pela deterioração do cenário externo. Portanto, cabe como única alternativa ao governo puxar os investimentos na economia.
"O investimento público passa a ser a tábua de salvação na economia, passa a ser o elemento que você deveria privilegiar como instrumento daqui para frente para compensar os investimentos (privados) que desaceleraram", disse Messenberg.
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