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Vídeo| Foto: TV Paranaense

A República Islâmica do Irã, país do Oriente Médio sob ameaça de guerra com os Estados Unidos e que vem sofrendo sucessivas sanções da Organização das Nações Unidas (ONU), tem se destacado como um dos principais destinos das exportações paranaenses. No ano passado, o Irã ganhou seis posições no ranking dos importadores, e acabou como o sexto principal comprador de produtos do Paraná, colado na China. Nos dois primeiros meses deste ano, o Irã já é o quarto principal mercado do Paraná, e fica atrás somente de tradicionais compradores como a Alemanha, os Estados Unidos e a Argentina.

"O Irã vem subindo do jeito que a China vem caindo", afirma Gustavo Machado, da consultoria GT Internacional, que analisou a balança comercial do Paraná a partir de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). "É um mercado que tem crescido muito, mas não podemos contar com ele. À beira de um embargo econômico, ele pode passar a não comprar nada", avalia Machado.

A última sanção da ONU em relação ao Irã foi editada há uma semana, e proíbe que países membros lhe vendam armas e equipamentos de guerra. A penúltima sanção, que já virou lei no Brasil por meio de decreto do presidente Lula, proíbe a transferência de materiais, equipamentos, e tecnologia que possam contribuir para atividades iranianas relacionadas à energia atômica, e estabelece o congelamento de fundos, ativos financeiros e recursos econômicos de indivíduos e entidades.

Para o professor Antônio Caron, da área de Economia e Negócios Internacionais da Unifae, a característica das compras iranianas – basicamente alimentos – pode significar que a população do país já se prepara para uma guerra. "Eles podem estar criando estoque para reduzir a possibilidade de risco", afirma. O professor ainda levanta a hipótese de que a melhora no nível de renda da população pode ter impulsionado a demanda por alimentos. "Em populações mais pobres, sempre que há uma melhora de renda, as pessoas gastam mais com alimentos", explica Caron.

Nos primeiros dois meses deste ano, as exportações paranaenses para o Irã cresceram 77%, passando de US$ 35,6 milhões para US$ 63 milhões. O Paraná exportou principalmente milho, óleo e farelo de soja e açúcar, além de papel usado para embalagens, o que também denota aumento do consumo no país.

Mas o professor de Relações Internacionais Gilvan Brogini, das Faculdades Integradas Curitiba, acredita que ainda não há sinais de que a população, as empresas ou o governo iraniano estejam estocando produtos, embora não descarte a hipótese. Para o professor, o que preocupa é a possibilidade de um bloqueio econômico ao Irã, determinado pela ONU, o que proibiria momentaneamente as exportações brasileiras – e paranaenses – ao país. "As determinações da ONU prevalecem até sobre tratados de comércio. É o preço que se acaba pagando pela paz no mundo", afirma o professor Brogini. Embora até o momento as recomendações da ONU afetem basicamente a indústria nuclear e militar, elas podem ser ampliadas para outros setores.

Roberto Zürcher, do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), lembra que empresas paranaenses já sofreram reflexos da guerra entre Estados Unidos e Iraque. "No Iraque foi assim porque os navios não podiam passar por alguns canais e os exportadores precisaram encontrar outras rotas. A gente espera que desta vez a guerra não aconteça", diz Zürcher.

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