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O presidente Lula deve anunciar, na próxima terça-feira, a redução ou até mesmo a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para alguns materiais de construção. A medida deve oferecer um estímulo extra ao setor da construção civil, que espera para este ano um crescimento de mais de 20% no volume de recursos liberados pelos bancos para financiar a habitação. Entretanto, o impacto da redução do IPI tende a ser muito limitado: segundo as construtoras, o preço final de um imóvel cairá, em média, 3%. Isso se o imposto – que varia de 5% a 15% para a maioria dos materiais – for zerado. O governo ainda não decidiu se vai apenas reduzir ou se de fato acabará com a cobrança do IPI.

"O governo está escondendo suas pretensões. Por enquanto não sabemos para quais produtos o imposto vai cair, nem qual será o tamanho da redução", conta o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão. Nos cálculos da CBIC, se o governo decidir por zerar o IPI, o custo final de um imóvel entre R$ 25 mil e R$ 28 mil cairá cerca de 3%. "Para imóveis mais caros, a redução tende a ser maior, pois quanto mais sofisticados os materiais, maior a incidência do imposto", diz Erlon Ribeiro, da construtora Andrade Ribeiro. "Um imóvel de R$ 250 mil deve ficar 6% mais barato. Mas não mais do que isso."

Roberto Thá, diretor técnico da construtora Irmãos Thá, acredita que a queda será ainda mais limitada. "Levando-se em conta que os materiais de construção respondem por 65% dos custos de um edifício, e imaginando-se que para a maioria deles o IPI cairia de 5% para zero, o preço final ficaria 3,3% mais baixo." Thá diz não acreditar, porém, que o imposto será zerado, como propõe o Ministério do Desenvolvimento para uma cesta de produtos básicos. A discussão já causa algum incômodo ao Ministério da Fazenda e à Receita Federal, que não gostaram da idéia de perder arrecadação.

A redução ou isenção de IPI pode vir acompanhada da queda de outros tributos federais recolhidos pelo setor da construção civil. Mas, como reduzir outros impostos dependeria da aprovação do Congresso – e causaria ainda mais chiados na tesouraria do governo –, é possível que se opte somente pelo corte do IPI, feito por decreto.

Mas, se não for suficiente para aquecer o mercado da construção e dar o impulso esperado ao Produto Interno Bruto (PIB), a queda do IPI neste ano eleitoral deve ao menos ser bem notada pelas camadas mais pobres da população – aquelas que fazem pequenas construções ou reformas por conta própria. Lojas de materiais de construção dizem que o repasse ao consumidor de uma queda do IPI seria imediato. "O imposto entra inteiro no cálculo do produto final. Se hoje é de 10% e cair para zero, o preço cairá os mesmos 10%", diz João Erber Dorigo, lojista do bairro Água Verde.

Outra medida do governo para atender à população de baixa renda é o financiamento da casa própria com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para o qual há R$ 10,3 bilhões disponíveis. No ano passado, a Caixa Econômica Federal diz ter emprestado R$ 9,2 bilhões de um total de R$ 10,1 bilhões. Os motivos apontados pelas próprias construtoras para a sobra são a dificuldade que elas têm em oferecer opções para a baixa renda e até mesmo o custo do financiamento – que é o menor do mercado, de 6% ao ano mais a TR, mas considerado oneroso para as classes mais baixas.

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