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Amapor㠖 A confirmação do foco de aftosa em Amaporã tem o potencial de deixar às moscas a já pouco exuberante economia local. Uma interdição que dure mais algumas semanas deixaria o comércio dependente dos funcionários da prefeitura e de quem tiver mandioca para vender. O pior cenário, porém, é a contaminação de mais animais na área. "Nem imagino o que seria se tivessem que sacrificar o gado de leite", diz Ivaldir Gonçalves Lehn, gerente de uma loja de produtos agropecuários.

Lehn conta que desde a última segunda-feira as vendas caíram de R$ 600 por dia para pouco menos de R$ 150. Alguns dos produtos mais procurados, como sal e complemento alimentar para o gado, estão encalhados. "Temos R$ 20 mil vendidos a prazo para produtores de leite", completa. Se a chegada da aftosa se traduzir em calote, o negócio correrá sérios riscos. Dívidas de R$ 5 mil com os fornecedores vencem nas próximas semanas.

Mais de 50% da economia de Amaporã gira em torno da pecuária. Há ali grandes fazendas de gado de corte e pequenas propriedades que produzem leite. A agricultora Deolinda Fontin Richter vive há três anos e meio em um assentamento no município. Desde que ganhou como vizinhos 40 cabeças de gado que foram isoladas pela Seab, ela foi impedida de vender o leite que tira diariamente de suas 50 vacas. Da mesma forma, outros 140 pequenos agricultores da cidade ficaram sem entregar o produto.

O leite é a principal fonte de renda da família da agricultora. Por dia, tira entre 350 e 400 litros de suas vacas. "O caminhão do laticínio não vem porque não pode sair com o produto da cidade. Fiz um pouco de queijo, mas a maior parte do leite tenho que jogar fora", conta. Outra perda comum entre os criadores da região é a impossibilidade de venderem os bezerros desmamados.

O dinheiro que ela receberia pela venda do leite, cerca de R$ 15 por dia, e pelos bezerros, R$ 150 a cada uma das 30 cabeças da propriedade, faz falta. As vacas foram compradas com um financiamento no Banco do Brasil e uma prestação de R$ 2,5 mil vence em novembro. "Se a cidade ficar fechada até lá, não vamos ter como pagar a dívida", diz. (GO)

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