Berlusconi (à esquerda) e Tremonti, ministro das Finanças: vitória política| Foto: Filippo Monte forte/AFP

Ajuda

Reunião sobre Grécia fica para próxima semana

Os líderes da zona do euro devem realizar um encontro de emergência na semana que vem para aprovar um plano de envolvimento do setor privado em um novo pacote de ajuda para a Grécia, disseram oficiais seniores europeus. A ideia é encerrar incertezas sobre a crise da dívida grega e de outros países da zona do euro que estão prejudicando os mercados globais.

As autoridades europeias apressam-se para concluir nos próximos dias as negociações técnicas, de modo que os líderes possam aprovar, no encontro de emergência, um projeto sobre o envolvimento do setor privado no novo pacote grego. O projeto deve prever redução no peso da dívida grega, o que as lideranças europeias consideram agora, veladamente, insustentável.

O plano para envolvimento do setor privado deve oferecer aos bancos a possibilidade de escolher entre diferentes formas de participação, como troca ou recompra de bônus, disseram pessoas próximas à questão. Nos dois casos, os detentores de bônus devem registrar uma baixa contábil sobre os bônus gregos que detêm, se ainda não o fizeram.

Não está clara a extensão do alívio que a Grécia terá com o plano. Os líderes europeus podem apenas assinar um projeto contendo linhas gerais, deixando que os detalhes sejam concluídos nas semanas seguintes, incluindo as negociações com os bancos. Mas o encontro de emergência deve definir os métodos de envolvimento dos credores privados. "A questão é como, e não se haverá o envolvimento do setor privado", disse uma autoridade.

O Banco Central Europeu (BCE), que é contra um envolvimento que leve a qualquer tipo de declaração de default sobre os títulos gregos, tem sido marginalizado recentemente, uma vez que as lideranças de governo na zona do euro consideram necessário pedir aos detentores de bônus para participar do resgate. A maior parte, ou mesmo todos os líderes de governo acreditam agora que o plano com participação dos credores privados irá provocar um "default seletivo" da dívida grega, segundo as fontes.

Agência Estado

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A Câmara dos Deputados da Itália aprovou ontem o projeto de austeridade fiscal de 79 bilhões de euros do governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi. O projeto já havia sido aprovado pelo Senado na quinta-feira. O pacote tem o objetivo de equilibrar o orçamento até 2014 e afastar a crise da dívida, que atualmente ameaça os países europeus. O pacote foi aprovado por 314 votos a favor, 280 contrários e 2 abstenções. O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, sancionou as medidas apenas meia hora após a aprovação na Câmara, informou o jornal econômico Il Sole 24 Ore. As medidas serão implementadas até 2014. Em 2010, a Itália teve déficit orçamentário de 4,6% do PIB.

O governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi adiantou a votação das medidas de austeridade, inicialmente previstas para o fim do verão (no Hemisfério Norte), após os mercados financeiros terem registrado fortes quedas nesta semana, preocupados com a estabilidade financeira da Itália.

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Crise política

Berlusconi, que permanece sob forte pressão da oposição para renunciar, havia vencido, mais cedo, uma outra votação de confiança no Parlamento. Ele é criticado por ficar fora dos assuntos públicos em um momento de forte crise financeira. Ontem, ele compareceu ao Parlamento, na primeira visita em uma semana. "Eu não estou ausente e não desapareci", afirmou o premiê, citado pela agência italiana Ansa. "Ao contrário, nesses últimos dias eu li todos os relatórios e trabalhei por todos", continuou.

A oposição italiana afirma que Berlusconi está muito enfraquecido para lidar com a grave crise financeira e deveria renunciar. "Se a Itália virou o alvo dos ataques dos mercados, é porque as políticas do governo não têm credibilidade", disse Rosy Bindi, a presidente do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda e o maior da oposição.

Contágio

Os mercados financeiros temeram durante esta semana inteira que a crise financeira, que engolfou Grécia, Irlanda e Portugal, possa atingir em breve a Itália, um país marcado por um alto endividamento público e um lento crescimento econômico. A economia italiana é a terceira maior da zona do euro e a União Europeia (UE) teme que, caso o país seja atingido, um pacote para resgatá-lo seria enorme. A Bolsa de Valores de Milão fechou a jornada com queda de 1,02%.

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O pacote prevê medidas que serão adotadas até 2014 e incluem o início da cobrança de consultas médicas no sistema público de saúde, cortes nas pensões de maiores valores pagas pelo Estado, aumento para a idade da aposentadoria e congelamento dos salários do serviço público em 2012 e 2013. O governo também pretende privatizar estatais, como a empresa ferroviária Ferrovie dello Stato (FS) e os serviços postais, mas apenas depois que a crise abrandar um pouco.

Repercussão

"Essas medidas são vergonhosas e atingirão apenas os mais pobres, não produzem reformas verdadeiras e não levarão ao crescimento econômico", disse Pier Luigi Bersani, um dos líderes do PD. "As medidas são necessárias. Elas não são suficientes, contudo, porque a Itália precisa de reformas estruturais", disse o analista político Stefano Folli. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.