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Vídeo | Reprodução/TV Globo
Vídeo| Foto: Reprodução/TV Globo

Pode parecer difícil acreditar, mas há uma década a linguagem Java da Sun Microsystems era um dos temas mais quentes da tecnologia. O Netscape escreveria seus novos aplicativos em Java, os applets do Java dominariam a Internet, escolas e universidades já começavam a ensinar Java como a língua padrão da programação. Ao mesmo tempo, fãs – alguns dos mais idealistas – e jornalistas antecipavam a vitória do Java sobre a Microsoft. Tudo isto transformou James Gosling – considerado o pai do Java – em uma espécie de celebridade.

Depois dos anos de pico do sucesso, vieram os de movimento oposto. O Netscape rejeitou a tentativa de programação em Java e os applets não causaram nenhum impacto na internet. Em 2001, a revista online "Salon" anunciava uma manchete chamando o Java de devagar, feio e irrelevante, e, em 2005, um artigo da "Business Week" dizia: "Java? Isso é coisa dos anos 90." A Microsoft – que ficou excluída do Java depois de perder um processo judicial – desenvolveu o seu próprio Java (a linguagem C++), que passou a ser amplamente utilizada, enquanto os antigos fãs do Java se interessaram por novas linguagens, como Perl, Python, PHP, Ruby on Rails, Ajax, Jason etc.

Agora as coisas estão voltando a um equilíbrio. O maior avanço foi a Sun passar a desenvolver suas plataformas de busca em Java por meio da Free Software Foundation’s GPL (licença ao público geral, em inglês) depois de anos de reclamações da IBM. "O Java funciona em grande escala como um projeto de fonte aberta há muitos anos e o código de sua origem está disponível há muito tempo", explica Gosling. Tudo que a Sun fez foi passar a usar "uma das mais aceitas" licenças abertas.

"Para ser honesto, a maior coisa que ganhamos foi a distribuição do Linux, como o Debian, que agora pode colocar [o Java] em uma caixa", diz Gosling. Quanto à IBM, "eles estão envolvidos em todos os tipos de proezas." "Teve aquela Carta Pública para Rod Smith dizendo ‘Sun, vocês deveriam seguir pelo código aberto’, e é claro que foi completamente falsa. Não teria feito a menor diferença para eles, que já tinham todos os direitos que alguém pode querer. E quando nós, de fato, alteramos a licença, a IBM não gostou, porque queria que nós déssemos tudo a ela, sem receber nada em troca."

A Sun em um primeiro momento resistiu à idéia de aderir à licença aberta porque a GPL permite que o código seja ramificado – diferentes grupos de desenvolvedores de sotware poderiam levá-lo a trilhas diferentes e incompatíveis. "Sim, há muitos anos, esta era uma preocupação relevante," diz Gosling, "mas agora já está claro que o mercado dá valor à compatibilidade. Se as pessoas começam a gerar ramificações incompatíveis, a pressão do mercado provavelmente será uma força mais efetiva de compatibilidade do que uma licença seria."

Há muito tempo, claro, a Microsoft estava desenvolvendo a sua própria versão licenciada do Java – de fato, estava aproveitando uma ramificação deste – que levou a Sun a processá-los. E a Sun venceu, mas a Microsoft, ao abandonar o desenvolvimento deste projeto, pareceu tirar toda a atenção do Java. E quanto ao futuro do Java? "Bom, esta é uma comunidade um tanto caótica: não há uma direção unificada porque são muitas pessoas levando seus aplicativos em lotes para as mais diversas direções," disse Gosling. "O mundo dos telefones celulares está crescendo muito e os aparelhos em muitos lugares já estão se tornando verdadeiros desktops. Mas também coisas como a televisão a cabo: set-top boxes e IPTV estão ficando muito interessantes e o Java está envolvido em ambas as coisas. O Blu-ray, nova geração dos padrões do DVD, possui grande envolvimento do Java. Com certeza, em termos de plataforma para jogos eletrônicos em celulares, não há nenhuma competição."

"Tem gente fazendo muita coisa estranha e interessante como no mercado automotivo e no de transmissão de televisão. Como um tecnólogo, você chega a um ponto onde não há mais nada para inventar e tornar algo melhor. Agora trata-se de uma experiência social, negócios e os seus clientes, sendo que é impossível prever o que fará com que as pessoas gastem dinheiro. Espero que tenha alguém lá fora que entenda de psicologia de mercado. Não sou eu."

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