Endividamento
Porcentual de famílias com dívidas subiu para 63,6% em agosto
Agência Estado
O número de consumidores endividados aumentou em agosto, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O porcentual de famílias com dívidas passou de 63% em julho para 63,6% este mês. A fatia de endividados também foi maior do que a registrada há um ano, quando estava em 63,1%.
Segundo a CNC, o aumento no endividamento ocorreu nas duas faixas de renda pesquisadas. Entre as famílias que ganham até dez salários, o porcentual que declarou possuir dívidas subiu para 64,8% em agosto, enquanto na faixa com renda acima de dez salários mínimos, os endividados passaram a 57,6%.
A CNC credita o aumento do endividamento ao crescimento de algumas modalidades de crédito, como a compra de imóveis. "O crescimento no endividamento tem sido mais expressivo entre as famílias com renda maior, onde o financiamento imobiliário pesa mais", explicou a economista Marianne Hanson, da CNC.
Os dados mostram que, em agosto, as famílias que possuíam dívidas tinham 29,7% da renda comprometida com o pagamento das parcelas, resultado acima dos 29,4% registrados em agosto do ano passado. O cartão de crédito ainda aparece como a dívida mais citada, apontado por 75,8% das famílias endividadas.
Pegar um empréstimo ou financiamento está cada vez mais caro. Em julho, pelo sétimo mês consecutivo, os juros médios para as famílias aumentaram, desta vez de 43% para 43,2% ao ano. Puxada pela elevação do custo do crédito no cheque especial e no crédito pessoal sem desconto em folha, a taxa chegou ao maior nível desde março de 2011. Apesar da pressão maior sobre o bolso do consumidor, os calotes continuaram relativamente estáveis, passando de 6,5% para 6,6% do total das operações com pessoas físicas.
INFOGRÁFICO: Veja a taxa média de juros no mês de julho
"As taxas de juros, depois de acompanharem a repercussão da alta da Selic, encontraram novo patamar e estão oscilando em torno desse nível", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.
Esse movimento de alta foi influenciado ainda pelo spread bancário, a diferença entre o que o banco paga para captar o dinheiro e o que ganha de juros dos clientes. No mês passado, esse índice avançou 0,4 ponto porcentual para as famílias e 0,7 ponto porcentual para as empresas. "Para o restante do ano, espera-se que o spread médio permaneça como a fonte de pressão sobre os juros dos empréstimos", avalia a economista da Tendências Mariana Oliveira.
O crédito pessoal, sem desconto em folha, foi a modalidade que registrou a alta mais intensa dos juros em julho, passando de 100,3% para 101,4% ao ano. A taxa do cheque especial apresentou o segundo avanço mais forte de 171,5% para 172,4% ao ano. As duas modalidades são ainda aquelas que registraram a maior alta nos últimos 12 meses. No pessoal, a elevação foi de 22,1 pontos; no limite especial, a alta chegou a 34,9 pontos.
Nível de calote
Apesar da elevação do custo de empréstimo e financiamentos, o nível de calote continua relativamente estável. Para Maciel, do BC, a leve alta da taxa de inadimplência em julho é "normal" e o nível de calote no país segue historicamente baixo. Além disso, disse, a redução das taxas dos atrasos de 15 a 90 dias é um "bom indicador" antecedente. "Esses atrasos sinalizam uma condição favorável para o comportamento da inadimplência à frente."
Danilo Delgado, economista para o Brasil da Ático Asset, ponderou que a inadimplência está se acomodando. "A taxa está mais alta em relação aos últimos meses, só que os atrasos estão caindo com alguma consistência". O aumento da inadimplência no sétimo mês do ano pode indicar uma "flutuação regular", avalia.
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