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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala em audiência pública aos integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sobre o risco de uma nova escalada da inflação, que sobe a cada mês desde setembro do ano passado | Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala em audiência pública aos integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sobre o risco de uma nova escalada da inflação, que sobe a cada mês desde setembro do ano passado| Foto: Agência Brasil

A alta dos juros está sendo feita "na medida certa" pelo Banco Central e a inflação terminará o ano sob controle, disse nesta terça-feira o ministro da Fazenda, acrescentando que o governo pretende agir para reduzir a indexação da economia.

"(O BC) está sendo criativo, está usando várias armas contra a inflação", afirmou Guido Mantega, em audiência de quase cinco horas em comissão no Senado. "A política de juros do governo está sendo consistente, está sendo na medida certa."

Para Mantega, parte das críticas feitas por analistas de mercado à política do governo atende a interesses de investidores.

"Temos que tomar cuidado com certos posicionamentos, porque muitas vezes o mercado está operando", afirmou Mantega na Comissão de Assuntos Econômicos.

A autoridade monetária já elevou a taxa básica Selic três vezes neste ano, para o patamar atual de 12 por cento ao ano.

Em outros esforços para conter a demanda, o governo também anunciou corte de despesas orçamentárias de 50 bilhões de reais, aumento da taxação sobre o crédito à pessoa física e, no final do ano passado, requerimentos maiores de capital para a concessão desses financiamentos.

"Posso lhe garantir que a inflação será controlada no Brasil. Faremos todo o esforço para isso, cortaremos gastos", disse o ministro, ressaltando que o corte de despesas é "para valer" e que a meta de superávit primário será alcançada "facilmente".

As expectativas de inflação dos agentes de mercado medidas pelo BC, no entanto, seguem em alta há dois meses. O último levantamento mostrou expectativa de que a inflação alcance 6,37 por cento em 2011, perto do teto da meta, de 6,5 por cento.

Mantega atribuiu parte da pressão inflacionária à alta internacional dos preços das commodities. Segundo ele, o IPCA em 12 meses estaria em 4,76 por cento se não fossem considerados os preços de alimentos e combustíveis, contra os 6,30 por cento acumulados pelo IPCA em 12 meses até março.

Do lado do crescimento, o ministro também manteve um discurso otimista.

"A economia brasileira em 2011 está crescendo em torno de 4,5 por cento, é o resultado que nós esperamos para o final deste ano", disse ele.

Indexação e câmbio

O ministro destacou, ainda, a importância de reduzir o nível "desconfortável" de indexação da economia, começando pelos serviços. Segundo ele, um dos problema são os aluguéis, tradicionalmente corrigidos pelo IGP-M.

"Temos que dar novos passos no sentido de desindexar mais a economia. Se não, ficamos com uma inflação basal alta", disse, sem dar detalhes mas ressaltando que a ideia não é "forçar o cidadão" a adotar outras regras de correção.

Mantega voltou a afirmar que o governo não descarta nenhuma medida para conter a valorização do real, mas afirmou que a questão exige criatividade.

"Os mercados são muito criativos, você fecha uma porta e eles vem por uma segunda porta", afirmou, destacando especificamente o aumento recente verificado nos empréstimos obtidos por bancos no exterior.

"Nós temos fechado as portas e administrado a situação, com bastante sucesso, eu diria", afirmou Mantega, acrescentando que a "nossa valorização não é tanto assim".

Nos últimos 12 meses o real valorizou 9 por cento frente ao dólar. Mantega argumentou que a valorização frente ao euro tem sido menor e que o dólar vive situação particular de desvalorização global.

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