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Após o anúncio de medidas para conter o crédito em dezembro e antes mesmo do aumento da taxa Selic na semana passada, famílias e empresas já pagavam muito mais para tomar empréstimo nos bancos. Dados do Banco Central mostram que, depois de uma ligeira alta das taxas em dezembro, o juro médio praticado no sistema financeiro disparou de 35% anuais no fim do ano passado para 38% em 12 de janeiro, o mais alto patamar desde abril de 2009.

Quem mais está sofrendo com o aumento dos juros são as pessoas físicas, especialmente nos empréstimos para o consumo, como fi­nan­­ciamento de veículos, crediário de loja e crédito pessoal, inclusive consignado. Na média, a taxa do crédito às famílias aumentou de 40,6% ao ano em dezembro para 45,1% no último dia 12, uma alta de 4,5 pontos porcentuais, salto raro de ocorrer em menos de uma quinzena.

O encarecimento se deu porque ações prudenciais tomadas pelo governo em dezembro aumentaram o custo para os bancos operarem financiamentos, especialmente de prazos mais longos. Além disso, a expectativa de que a Selic começaria a subir já começou a elevar a taxa de tomada de recursos pelos bancos, embora este impacto no resultado ainda seja pequeno, segundo o BC.

Como resultado, a média diária de concessões de novos créditos caiu 8% nos 12 primeiros dias do mês. Ao apresentar os números, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, sinalizou que o encarecimento visto nas últimas semanas é apenas o primeiro passo do aperto que o crédito deve sofrer ao longo dos próximos meses. "Ainda vamos ver o impacto restante das medidas prudenciais e a nova decisão de política monetária", afirmou, ao lembrar que a taxa Selic subiu em 19 de janeiro, uma semana após o levantamento do BC.

Além de mais caros, os empréstimos tendem a ficar mais curtos. "No passado, quando o custo de captação subia, bancos alongavam o prazo da operação para acomodar as prestações ao bolso do cliente. Mas agora há uma trava para os prazos", afirmou Lopes, ao lembrar da nova regra que gera custos adicionais aos bancos que tentarem ampliar o número de parcelas.

Inadimplência

Apesar do custo mais elevado para se emprestar dinheiro, a fatia dos créditos para pessoas físicas com atraso nos pagamentos superior a 90 dias está em 5,7%, o menor patamar desde junho de 2001. A inadimplência desse segmento vem caindo desde meados de 2009, mas Lopes acredita que a tendência agora, com a maior restrição ao crédito, é de acomodação em torno desse patamar.

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