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O aposentado Jorge Luiz da Silva: acesso a juros mais baixos com desconto em folha ajudou na renegociação de empréstimos antigos | Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
O aposentado Jorge Luiz da Silva: acesso a juros mais baixos com desconto em folha ajudou na renegociação de empréstimos antigos| Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo

Uma ferramenta para renegociação

Desde que se aposentou, há seis anos, Jorge Luiz da Silva, de 50 anos, trocou os empréstimos pessoais pela operação com os juros mais baixos e desconto direto na folha de pagamento. Silva já fez quatro empréstimos e atualmente tem cerca de 20% da renda comprometida com consignados. "Costumo pegar o que posso dentro do limite de 30% compatível com a minha renda", afirma ele, que acaba de fechar um novo contrato com a Caixa. Com aproximadamente R$ 35 mil empenhados, Silva conseguiu retirar cerca de R$6 mil, já com a nova taxa do banco de 1,67% ao mês – resultante das reduções nas taxas – e prazo de 60 meses. "A vantagem é que consegui renegociar meus empréstimos antigos e com taxas altas e hoje pago juros mais baixos", diz. Especialistas em finanças pessoais observam que esse é o melhor uso do consignado: trocar dívida cara por empréstimos com juros mais baratos. Para financiar o dia a dia e a aquisição de bens, entretanto, a melhor opção continua sendo a acumulação de recursos. Quem economiza e paga à vista tem condições de obter descontos e não corre nunca o risco de ficar inadimplente. (CJ)

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Por Estado

Distribuição porcentual da quantidade e valor dos empréstimos pessoais e cartão de crédito consignado por estado da Região Sul em abril deste ano.

O empréstimo consignado – categoria que, pelo seu baixo risco, tem os juros mais baixos do mercado de crédito –, encerrou o mês de abril com a menor taxa média desde que a operação passou a ser acompanhada mensalmente pelo Banco Central, em janeiro de 2004. Nesse período, os juros passaram de 41,4% para 25,9% ao ano.

O consignado é líder entre as modalidades de crédito pessoal e o principal motivo está na diferença da taxa média, conforme mostra uma pesquisa do Banco Central com treze dos bancos que operam com crédito pessoal. Enquanto o consignado tem uma taxa de 25,9% ao ano, os juros médios do crédito pessoal – que inclui Crédito Direto ao Consumidor (CDC), cartão de crédito e cheque especial – fecharam abril em 44,7%.

O crédito consignado corresponde a 58,7% de todos os contratos de crédito pessoal fechados em abril. Em 2010, o volume de empréstimos era menor, mas a porcentagem de participação do consignado no universo do crédito pessoal era maior (61%).

O que não mudou nesse período foi a carteira de clientes do consignado, formada em 85% por aposentados, pensionistas e servidores públicos. A estabilidade dos funcionários públicos é uma garantia para os bancos – afinal, como as parcelas são descontadas em carteira, o risco de inadimplência é praticamente zero. Para essas categorias profissionais, a taxa máxima de juros passou de 2,34% para 2,14% ao mês, para empréstimos, e 3,06% ao mês, para o cartão consignado.

Para Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), a redução da participação do consignado no total de empréstimos mostra que houve uma pequena diversificação na contratação de crédito, sobretudo após a redução de juros iniciada em abril. Um outro dado parece apontar no mermo sentido: o número de contratações de consignado por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) caiu 13,80% de março para abril, segundo dados do Ministério da Previdência Social. A soma das operações nesse segmento totalizou R$ 2,556 bilhões em abril, cerca de 2% menos que no mês anterior.

Limitação

Márcio Alaor de Araújo, vice-presidente do banco BMG – um dos líderes em crédito consignado no país com mais de 5 milhões de clientes –, diz que a queda no número de contratos e no volume de dinheiro tomado não foi sentida pelo banco, que registrou crescimento de 18% em maio e projeta 22% para junho. "Quando as pessoas começam a falar em crise, a redução nas contratações é automática. Além disso, tem o máximo de 30% da renda para aposentados e pensionistas, que limita novas contratações. Esse cenário, no entanto, só favorece o consignado, que tem os menores juros", diz. "Além do setor público, que ainda tem muito potencial, temos o setor privado, que é praticamente inexplorado", afirma o vice-presidente do BMG.

A maioria das pessoas pega o crédito consignado para quitar dívidas com juros mais caros, como cartão de crédito e cheque especial, explica Ribeiro de Oliveira, da Anefac. "Num cenário de risco, com o endividamento, os bancos devem privilegiar essa operação, que ainda é a melhor alternativa para quem precisa de empréstimos com prazo longo e juros baixos".

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