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Janet Yellen, do Fed: alta dos juros causará efeito cascata | Gary Cameron/Reuters
Janet Yellen, do Fed: alta dos juros causará efeito cascata| Foto: Gary Cameron/Reuters

Expectativa

Decisão do banco central americano não tem data para ocorrer

A alta dos juros americanos, que estão próximos de zero desde a crise econômica de 2008, não tem data exata para ocorrer. Há duas semanas, o Federal Reserve (Fed, o banco central local) divulgou um comunicado em que excluiu o termo "tempo considerável" para se referir ao período de manutenção das taxas atuais.

Para não gerar expectativas de um aumento imediato e tumultuar o mercado, o banco, presidido por Jane Yellen, tomou o cuidado de usar a palavra "paciência" ao descrever a postura que adotará para a normalização da política monetária.

O analista Fernando Góes, da correta Clear, acredita que as taxas devam ser elevadas em abril e maio. Ele afirma que, ainda que provoque impactos significativos como a valorização do câmbio, a elevação dos juros americanos é um excelente sinal econômico. "A decisão mostra que a economia americana que está forte para aguentar a alta de juros. E a economia forte pode compensar os impactos do reajuste", destaca.

Ponto de atenção

É preciso lembrar que, com juros mais altos, os títulos públicos também oferecem riscos. Professora de Administração e Diretora do Setor de Ciencias Socias Aplicadas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Paula Cherobim diz que vender títulos do Tesouro antes do vencimento é especialmente ruim nesse contexto, já que o papel perde valor, diante da oferta de títulos novos mais atraentes, ancorados em uma Selic mais alta.

A caderneta de poupança também se beneficiaria de uma alta dos juros, pois um dos fatores que determinam os rendimentos pagos ao poupador é a Taxa Referencial (TR), um indicador que se valoriza à medida que a Selic sobe.

O iminente aumento dos juros americanos, sinalizado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central local) e esperado pelo mercado para 2015, deve provocar impactos no Brasil que exigirão atenção de quem pretende investir.

INFOGRÁFICO: Veja a influência dos juros americanos nas finanças pessoais

Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo indicam que a medida, que modificará a taxa americana pela primeira vez desde 2008, ano de eclosão da crise financeira, deve gerar duas consequências principais, que se refletirão nos investimentos: valorização do dólar e tendência de alta na taxa básica de juros brasileira, a Selic.

O impacto no câmbio se explica porque, com juros mais altos, o mercado americano se torna mais rentável para os investidores, que ficam propensos a aplicar em fundos de renda fixa dos Estados Unidos. Isso provoca evasão de dólares e diminui a oferta da moeda aqui, que, em consequência, fica mais cara.

Já a propensão para a elevação da Selic, atualmente em 11,75% ao ano, ocorre porque, na tentativa de impedir a esperada fuga de investidores, o governo brasileiro pode aumentar os juros, de forma a elevar a rentabilidade dos fundos nacionais. Além disso, a futura equipe econômica já sinalizou que pretende fortalecer em 2015 o ajuste de juros.

O cenário de dólar e juros mais altos beneficia empresas exportadoras, que ganham mais na conversão das vendas internacionais para real. Por isso, o analista Fernando Góes, da correta Clear, diz que ações de empresas com esse perfil – como Embraer, JBS, Suzano, Fibria e Klabin – podem ter melhores resultados. "A minha sugestão é olhar o cenário de curto prazo e pensar muito em papéis que se beneficiam do dólar alto".

Góes pondera, porém, que a valorização do dólar não está atrelada somente à expectativa pela nova taxa de juros americana. O analista afirma que as dificuldades pelas quais passam os países emergentes, como a Rússia, que enfrenta uma forte crise cambial, já fazem da alta do dólar uma realidade.

Títulos públicos

Os analistas acreditam que investimentos em renda fixa, como títulos públicos e poupança, devem prevalecer sobre as aplicações acionárias em 2015. "Fica mais arriscado investir na Bolsa, pois o resultado dela depende do resultado da economia, e estamos em um período de crise e ajustes", diz o professor de Economia Regis Augusto Ely, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Ele acrescenta que os juros altos dificultam o crédito às empresas, o que pode restringir investimentos, gerar insegurança nos investidores e provocar queda de ações.

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