• Carregando...
Região do Rio Xingu onde será erguida a usina: terra indígena dificulta licenciamento | Antônio Scorza/AFP
Região do Rio Xingu onde será erguida a usina: terra indígena dificulta licenciamento| Foto: Antônio Scorza/AFP

Impacto

Presidente defende projeto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a construção da usina de Belo Monte e criticou a vinda de organizações não-governamentais (ONGs) ao Brasil para impedir a realização do leilão e protestar contra o projeto. Ao participar do Congresso Brasileiro do Aço, em São Paulo, Lula reclamou que o país ficou "totalmente proibido" de fazer estudos sobre a viabilidade da usina por mais de 20 anos, e disse que o projeto inicial sofreu modificações para reduzir a área alagada. Na avaliação do presidente, isso ocorreu para proporcionar proteção ambiental à região. "Ninguém tem mais preocupação para cuidar da Amazônia e dos índios que nós", afirmou em discurso. Ainda ontem, o BNDES se comprometeu a divulgar hoje as condições de financiamento para o projeto, que tem custo estimado de R$ 19 bilhões e capacidade instalada de 11 mil MW.

O juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo, de Altamira (PA), concedeu ontem uma liminar que cancela a licença prévia ambiental (LP) da usina de Belo Monte (PA) e suspende o leilão da hidrelétrica, marcado pelo governo para 20 de abril. O pedido de liminar foi ajuizado pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) no final da semana passada. A decisão ainda é passível de recurso perante o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília.Na decisão, Campelo determinou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) se abstenha de emitir uma nova LP e que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não realize nenhum ato administrativo com vistas à realização do leilão antes da regulamentação do artigo nº 176 da Constituição. Em caso de descumprimento, os dois órgãos pagarão multa de R$ 1 milhão e serão responsabilizados por crime ambiental.O juiz determinou também que o Banco Nacional de Desen­vol­vimento Econômico e Social (BNDES), a Vale, a Camargo Corrêa, a Odebrecht, J. Malucelli Seguradora, a Fator Seguradora, a Andrade Gutierrez e a UBF Seguros sejam notificados pela Justiça para que tenham ciência de que, enquanto o mérito da ação não for julgado, poderão também ser responsabilizados por crime ao meio ambiente.

O artigo nº 176 da Consti­tuição define que um aproveitamento hídrico com impacto em terras indígenas só pode ser autorizado pelo governo após a aprovação de lei que regulamente a exploração dos recursos nessas áreas, o que o MPF-PA alega que não existe. "Forçoso é concluir que o ato de expedição da licença ambiental, do edital de leilão e do contrato administrativo de concessão de serviço público não têm validade alguma, devendo, pois, aguardar-se a expedição de lei regulamentadora do dispositivo constitucional", afirmou o juiz, na decisão.

A liminar concedida se refere a uma das duas ações civis públicas ingressadas pelo MPF-PA na semana passada. A expectativa é de que Campelo também aprecie a outra ação nos próximos dias.

A Advocacia Geral da União (AGU) informou que irá recorrer da liminar concedida pela Justiça Federal do Pará suspendendo o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). "Os advogados já vão atuar para reverter essa situação", disse um assessor da advocacia.

Segundo a AGU, a construção de Belo Monte é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, por isso, tem sido acompanhada de perto pelo Grupo Executivo de Acompanhamento do Programa de Aceleração do Crescimento (Gepac), criado para monitorar todas as ações judiciais contra obras do programa federal.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]