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O leilão de venda da folha de pagamento dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que começa na quarta-feira, pode resultar num fracasso ou numa operação de dezenas de bilhões de reais.

Segundo analistas, os preços que serão pagos pelas folhas mostrarão o risco que os bancos estão dispostos a correr para ter a simples possibilidade de conquistar novos correntistas.

Esfomeados para ampliar a base de clientes num momento de aumento da concorrência no setor bancário, mas cientes de que podem pagar caro por uma carteira que pode lhes render mais dor de cabeça do que lucros, os bancos privados até agora têm evitado sequer revelar se vão participar do leilão.

Está em jogo o direito de ser o único banco pagador a aposentados e pensionistas que se tornarem beneficiários do INSS nos próximos cinco anos. De acordo com a instituição, essa folha cresce ao passo de 377 mil pessoas a cada mês. O leilão não inclui a folha atual, de 26,6 milhões de beneficiários.

Para abocanhar a carteira de novos pensionistas, o banco candidato deve se comprometer a não cobrar deles por extratos, um DOC ou TED mensal, além de extrato para o Imposto de Renda.

Tudo para ter o direito de exclusividade no pagamento dos benefícios, o que dará ao banco vencedor uma chance formidável de oferecer serviços bancários, com crédito (especialmente o consignado), seguros e investimentos.

"Gerir esse folha é um negócio extremamente interessante", diz o economista João Augusto Salles, da consultoria RiskBank.

O leilão representa uma virada na lógica do valor da folha de pagamento versus prestação de serviços financeiros. Até 2007, o INSS pagava cerca de 250 milhões de reais por ano aos bancos para que eles fizessem o pagamento dos benefícios. Agora, além de exigir a isenção de tarifas para os beneficiários, a Previdência pode levantar bilhões de reais com a venda da carteira.

Em contrapartida, quem vencer terá o direito de prestar o serviço por 20 anos.

Diante dessas variáveis, bancos e mesmo analistas do setor consideram difícil estabelecer preços para as carteiras que serão vendidas. A licitação dividiu o país em 26 lotes.

"Eu não falaria em nada inferior a 33 bilhões de reais, tormando como referência o preço pago por bancos por folhas de pagamentos de várias prefeituras no Brasil", disse o economista-chefe da Austin Asis, Alex Agostini.

Nos bastidores, os bancos dizem que a carteira têm pouca atratividade, devido à renda baixa dos pensionistas, que terão pouco interesse em consumir outros produtos bancários.

Por isso, o governo federal teria pressionado bancos públicos como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a participar do leilão para evitar o fracasso da concorrência.

O pregão será realizado em Brasília, em 5 e 6 de agosto, no prédio da Dataprev.

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