Levante no Egito ainda não afeta o Brasil

• 0

O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Salim Taufic Schahin, avaliou ontem que ainda é cedo para ponderar o impacto dos protestos que pedem a renúncia do presidente Hosni Mubarak na relação comercial entre Brasil e Egito. Mas admitiu que, se houver ruptura política no Egito, poderá haver consequências na relação comercial entre os dois países. "Tudo vai depender do processo, que pode ser pacífico ou revolucionário. A gente nunca sabe como os movimentos políticos podem ocorrer", disse, explicando que ainda não houve impacto.

"No primeiro mês deste ano, a relação foi profícua, não sentimos os impactos [dos protestos]", afirmou Schahin, durante divulgação do balanço comercial entre Brasil e países árabes em 2010. Ele lembrou que o Egito foi o destino de 15,6% das exportações brasileiras aos países árabes em 2010. Os principais produtos exportados foram commodities, como carne, açúcar e minérios. A participação no Egito, por sua vez, nas importações brasileiras de produtos árabes é bem menor, com 2,4% do total. Os principais produtos importados são derivados de petróleo e fertilizantes.

"O Egito assinou um acordo bilateral com o Brasil para evitar dificuldades na relação. É um acordo comercial que deve facilitar muito as nossas relações", explicou Schahin. O presidente da entidade ressaltou que, no atual cenário conturbado, o Egito tem mais do que nunca necessidade de importar alimentos do Brasil. "O Egito tem uma necessidade enorme de comida. Então, a sustentabilidade de longo prazo dos países árabes depende muito de alimentação", disse.

O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira destacou que, ainda que haja uma ruptura política no Egito, a entidade irá buscar o novo governo para reforçar os laços comerciais entre os dois países. "Nós acreditamos que não haverá perda de oportunidades comerciais. Com a ruptura, é claro que novos agentes tomarão conta do governo do Egito, e a Câmara vai procurar ter novos contatos com esses agentes e formular as mesmas políticas que já temos", disse Schahin.