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Trecho da Linha Verde, em Curitiba: volume de compra e venda de imóveis na região é pequeno, o que significa que ainda há muita especulação e que mercado até agora não achou ponto de equilíbrio | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Trecho da Linha Verde, em Curitiba: volume de compra e venda de imóveis na região é pequeno, o que significa que ainda há muita especulação e que mercado até agora não achou ponto de equilíbrio| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Zoneamento

Sai o barracão, entra o comércio

Em 2008, a prefeitura de Curitiba aprovou na Câmara de Vereadores a alteração da lei de zoneamento da Linha Verde para diversificar o comércio, a prestação de serviços e incentivar a moradia no entorno da antiga rodovia, onde predominam barracões atacadistas, empresas de transporte, oficinas, autopeças e postos de combustíveis. Esse tipo de atividade deve ter mais dificuldade para renovar o alvará e será substituída por outros serviços.

Uma das principais mudanças foi a introdução da diversidade de usos, com o estímulo à construção de empreendimentos destinados ao mesmo tempo para comércio, serviços e moradia. Segundo o arquiteto Reginaldo Reinert, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), há um grande número de consultas a respeito das possibilidades de uso das áreas na Linha Verde. A extensão total é de 18 quilômetros, dos quais 9,4 quilômetros fazem parte da primeira etapa de obras (do Pinheirinho ao Jardim Botânico). Com as obras da primeira fase, o projeto integrou 10 bairros, de um total de 20.

Região atrai novos empreendimentos

A Linha Verde começa a atrair novos empreendimentos, como o Armazém da Maria, atacarejo – mistura de atacado com varejo – do grupo Destro. Inaugu­rado há seis meses no bairro Hauer, ele funciona em um barracão onde operava uma antiga loja Destro e recebeu, sem contar os estoques, R$ 3 milhões em investimentos, segundo o diretor João Carlos Destro. "A obra viária facilitou muito, aumentando a segurança e melhorando o visual da região. Além disso, aqui atrás vai sair um condomínio residencial da MRV, o que vai fomentar os negócios e desenvolver o bairro ainda mais", diz ele, que tem entre seus clientes bares e restaurantes, além do consumidor final.

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Prédios para classe C são prioridade do setor

De patinho feio a vedete do se­­tor. A região no entorno da Li­­nha Verde é considerada por mui­­tas construtoras o último reduto ainda inexplorado de Curitiba e para onde devem migrar os investimentos voltados para a classe C. "Já não há mais terrenos disponíveis em outras regiões mais próximas do centro. No Ecoville, por ou­­tro lado, praticamente todos os terrenos já estão nas mãos de construtoras", diz Osvaldir Be­­nato, presidente da construtora Casteval. A empresa lançou três condomínios horizontais na região e estuda implantação de conjuntos de apartamentos em parceria com outras empresas.

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  • Veja a comparação de preços de imóveis entre 2007 e 2009

O mercado imobiliário nos bairros no entorno da Linha Verde, ei­­xo de urbanização da antiga BR-116, já vive um boom de preços. Imó­­veis comerciais, residenciais e terrenos tiveram aumento de até 100% desde 2007, quando teve início a construção da primeira etapa da obra, já concluída, que liga o Pi­­nheirinho, na zona sul da cidade, ao Jardim das Américas, na zona leste.

A alta é semelhante à que vi­­veu recentemente a região do Cam­­po Comprido em relação ao Ecoville e ocorre sempre que al­­gu­­ma região vira alvo de uma al­­teração urbana de grande porte.

Bairros como Boqueirão, Ca­­pão Raso, Guabirotuba, Pinheiri­nho e Xaxim estão entre os que mais se valorizaram, segundo o vice-presidente de lançamentos, compra e venda do Secovi-PR, Paulo Celles.

"A região da Linha Verde tem grande potencial de crescimento nos próximos anos, o que faz com que o mercado imobiliário comece a se mobilizar para atender essa demanda futura. O entorno da an­­tiga rodovia deve também concentrar projetos dentro do programa de habitação popular do governo federal, o Minha Casa, Minha Vi­­da", diz Mar­­celo Alisson, gestor exe­­cutivo de vendas da construtora mi­­neira MRV para o sul do país.

Para Marcos Kahtalian, consultor do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, o mercado de Curitiba co­­mo um todo se valorizou. Mas os bairros da Linha Verde devem ter um aumento ainda mais ex­­pres­sivo, já que há uma movimentação urbana importante, como a abertura de ruas e a infraestrutura viária. Além disso, co­­meçam a surgir na região supermercados, farmácias e lojas para aproveitar o fluxo de pessoas que circulam na via de transporte, estimado em 300 mil pessoas. Ao todo Curitiba ganha, com o projeto total, 5,5 mi­­lhões me­­tros quadrados para construção, que poderão ser triplicados verticalmente.

Especulação

A expectativa de melhora, com a "substituição da estrada pela avenida", trouxe otimismo para os donos de imóveis na região. Porém o volume de negócios de compra e venda ainda é pequeno, o que indica que o mercado está buscando seu ponto de equilíbrio. "Ainda há muita especulação. Alguns proprietários jogaram os preços lá em cima. A ques­­tão será saber se haverá ne­­gócios nesses patamares. Em al­­gumas regiões se justifica um rea­­juste desse porte, em outras não", afirma Ralf Paciornik, ge­­rente comercial da Top Imóveis. A empresa foi responsável por er­­guer, junto com a BP Empreen­di­mentos, um dos principais projetos imobiliários na região, o Curi­­tiba Office Park, que oferece espaços empresariais.

Alfredo Canezin, presidente do Conselho Federal de Correto­res de Imóveis (Creci) no Paraná, diz que o mercado ficou muito tempo estagnado e depois, com a reação, os preços subiram muito. "Isso não quer dizer, no en­­tanto, que ocorram negócios nes­­ses patamares. O volume de transações ainda é pequeno", afirma.

De acordo com o vice-presidente de lançamentos, compra e venda do Secovi-PR, Paulo Celles, nos últimos dois anos residências no bairro Pinheirinho, por exemplo, tiveram reajuste mé­­dio de 72% e algumas casas no Boqueirão, de 63%. Mas o au­­men­­to chega até 107%, como no caso dos terrenos no Pinheirinho.

Esse movimento tem sido pu­­xado principalmente por grandes construtoras, que têm prospectado terrenos nos bairros cor­­tados pela antiga rodovia para construção de condomínios de apartamentos. "São áreas de 30 mil, 40 mil metros quadrados que devem abrigar, no futuro, grandes condomínios residenciais, voltados principalmente para a classe média bai­­­xa", diz Boris Madsen Cunha, diretor técnico administrativo da WAA Wil­­ler Arquitetos Associa­dos.

O mercado de locação também está mais aquecido, principalmente nos bairros Pinheiri­nho, Lindóia e Prado Velho. De acordo com Veri­dia­­na Ferreira da Rocha, angariadora da LS Castro Corretora de Imó­veis, o valor do aluguel em regiões próximas à rodovia, que há dois anos não superava 0,4% do valor total do imóvel, hoje está dentro da média de mercado (em torno de 0,7%).

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