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Rua comercial de Ciudad del Este, com cartazes avisando da promoção: uma tentativa de reanimar as vendas | Christian Rizzi / Gazeta do Povo
Rua comercial de Ciudad del Este, com cartazes avisando da promoção: uma tentativa de reanimar as vendas| Foto: Christian Rizzi / Gazeta do Povo

A cidade paraguaia que ganhou o título de meca dos sacoleiros na década de 1990 e chegou a ser o terceiro polo comercial do mundo, atrás de Miami e Hong Kong, hoje recorre a promoções para atrair consumidores. Pela primeira vez na história, Ciudad del Este prepara uma megaliquidação, a Black Friday. Tradição nos Estados Unidos, onde é realizada na sexta-feira seguinte ao Dia de Ação de Graças, a Black Friday do Paraguai está marcada para os dias 10, 11, 12 e 13 de maio. As lojas participantes prometem descontos de 20% a 70% em pelo menos 14 mil produtos.

A perspectiva dos comerciantes é tirar Ciudad del Este de uma fase ruim e faturar cerca de US$ 150 milhões nos quatro dias. Hoje o comércio arrecada ao ano US$ 2,5 a 3 bilhões ao ano, uma cifra aquém da média de US$ 12 bilhões registrada entre 1982-1994, no auge das vendas alimentadas pelo vai e vem de sacoleiros. O movimento, segundo a Fedecamaras, organização que reúne empresários radicados no Paraguai, caiu 70% nos últimos seis meses.

Do Paraguai a Miami

O diretor executivo da Fedecamaras, Juan Santamaría, elenca uma série de fatores que contribuíram para a derrocada do comércio nos últimos anos, apesar da boa cotação do dólar para os brasileiros – que correspondem a cerca de 85% dos clientes. Para Santamaría, a saúde financeira das famílias do Brasil está comprometida, e parte dos consumidores começou a conter os gastos. Por outro lado, quem tem condições de comprar começa a apostar em outros destinos. "O Brasil cresceu e as pessoas aprenderam a comprar. Hoje o brasileiro vê Ciudad del Este como o último destino para as compras. Ele prefere Nova York e Miami", diz.

O brasileiro Adaílton Avelino, diretor da Aprocon, uma associação de defesa do consumidor do Paraguai, diz que as vendas estão em decréscimo desde 2008 e parte do quadro deve-se a nova realidade brasileira, em especial no setor de informática. "Muitos produtos começaram a ser fabricados no Brasil".

Idealizador da megaliquidação e vice-presidente da Câmara de Comércio e Tecnologia de Ciudad del Este, Juan Ramirez diz que o evento será realizado agora porque coincide com um período fraco de vendas no comércio paraguaio e com o Dia das Mães. Cerca de 700, das 4,3 mil lojas, já confirmaram a participação, incluindo as mais tradicionais, voltadas para turistas. Cada casa comercial tem de oferecer ao consumidor pelo menos 20 tipos de mercadorias. As lojas ficarão abertas das 6h às 21h . Os comerciantes esperam atrair pelo menos 5 mil paraguaios e 15 mil brasileiros no período. Hoje, nos dias de baixa movimentação comercial, exceto nas quartas e sábado, os consumidores brasileiros não passam de 1 mil.

Renovação

A Ciudad del Este erguida sob a labuta diária dos sacoleiros vindos do Brasil hoje tem outra cara. O microcentro de importados começa a ganhar o tom de um destino turístico-comercial. A reforma da aduana paraguaia e a construção de um shopping que funciona à noite renovaram a fachada da cidade. Além do Aprocon, onde consumidores lesados podem reclamar, há dois anos foi criada a Polícia de Turismo, para atender abusos cometidos nas ruas contra os compristas.

Os sacoleiros, que, no passado, representavam cerca de 90% dos consumidores, hoje são menos da metade. O comércio paraguaio quer capitalizar e atrair mais turistas, no embalo do momento promissor do turismo em Foz do Iguaçu, que fechou 2011 com 1,7 milhão de visitantes. Há 10 anos, o número era de 468.546.

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