Depois de dois anos com atrasos sucessivos de pagamento a editores, a Livraria Cultura entrou nesta quarta-feira (24) com um pedido de recuperação judicial. A decisão foi comunicada em um e-mail enviado aos fornecedores da rede.
“Diante da premente necessidade de reestruturar nosso passivo, não nos restou outra opção que não iniciar um processo de recuperação judicial da Livraria Cultura, cujo pedido está sendo apresentado hoje aos órgãos competentes”, diz o comunicado por e-mail. De acordo com informações levantadas pelo Estado, só as dívidas bancárias da Livraria Cultura somariam R$ 70 milhões.
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Na mensagem, a empresa diz que espera normalizar compromissos com fornecedores – ou seja, pagar as dívidas– em “um curto espaço de tempo”.
O comunicado destaca ainda o processo de enxugamento que a Cultura tem promovido nos últimos tempos – a medida mais recente foi o fechamento da loja no centro do Rio de Janeiro, a última na cidade. Quatro dias depois de anunciar o encerramento das atividades na capital carioca, a Livraria Cultura anunciou na terça-feira, 16, que estava fechando, também, a loja do Fashion Mall – sua primeira na cidade, inaugurada em dezembro de 2011.
Nos últimos meses, a empresa deixou de pagar seus fornecedores, ou atrasar os pagamentos. Quando conseguia negociar prazos maiores com as editoras, não podia cumprir os acordos. Comenta-se que recentemente a empresa chegou a oferecer eletrônicos vendidos na loja como forma de pagamento. Algumas editoras chegaram a suspender o fornecimento de livros para a Cultura para evitar prejuízos maiores.
Cultura não conseguiu manter a Fnac
Mesmo depois de receber uma injeção de cerca de R$ 130 milhões para encerrar as operações da rede francesa Fnac no país, a companhia não conseguiu solucionar seus problemas financeiros e teve de recorrer à proteção da Justiça. A empresa foi criada por Eva Herz, em 1947, e hoje está em sua terceira geração de administradores.
Desde que assumiu a operação brasileira da Fnac, em 2017, a empresa já fechou todas as lojas da rede francesa no país – semana passada, ex-funcionários protestavam por falta de pagamento.
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As dívidas da Cultura, somadas às da Saraiva, têm gerado uma crise intensa no mercado de livros – ao longo deste ano, diversas editoras promoveram demissões como resultado. Nas duas redes, os débitos vêm sendo negociados e renegociados diversas vezes ao longo dos últimos dois anos.
A decisão de rede redobra a preocupação dos editores com a Saraiva, dona de quase um terço do mercado, porque a Cultura sempre teve a reputação de ter uma gestão mais eficiente.
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