Juro mais baixo demora a chegar ao consumidor| Foto: Daniel Castellano/ArquivoGazeta do Povo

Estão passando longe do consumidor os efeitos diretos da queda da Taxa Básica de Juros (Selic). Desde que o Banco Central deu início à sequência de cortes, em outubro do ano passado, o juro básico, que indica o custo do dinheiro que os bancos tomam para depois emprestar, caiu de 14,24% para 11,25% ao ano. Era de se esperar que os empréstimos pessoais, o cheque especial e o parcelamento no comércio também ficassem mais baratos.

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Quatro alternativas para buscar crédito mais barato

Quatro dicas para negociar dívidas

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Levantamento mais recente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) indica que a redução do juro nas linhas de crédito mais populares foi irrisória – em alguns casos, a taxa até subiu. Em abril do ano passado, o juro anual para empréstimos bancários chegava a 72,3%. Em abril deste ano, deslizou para 68,6%. Em outros casos, como o cheque especial, a taxa subiu (veja ao lado). A única que caiu foi o rotativo do cartão, mas em razão de mudanças nas regras que transformaram as dívidas em parcelamentos convencionais.

"Apesar de a Selic estar caindo, outros fatores que compõem o juro estão subindo, e até em ritmo mais acelerado”, explica Alexandre Espirito Santo, economista da Órama Investimentos.

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O mais importante desses fatores é a inadimplência. Quanto mais alta, maior o risco de os bancos levarem calote, portanto, cobram mais para se proteger. Quase 40% dos adultos têm alguma conta em atraso, conforme o SPC Brasil e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Isso significa que 59 milhões de pessoas no país estão devendo. Assim, o preço do dinheiro sobe, e quem paga a conta são as pessoas que quitam dívidas em dia, com juros e encargos.

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Recuperação é difícil

"Com aumento do risco de elevação da inadimplência e desemprego elevado, aumenta o risco de novas elevações das taxas de juros aos consumidores”, afirma Miguel Ribeiro Oliveira, diretor da Anefac.

De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mais do que a alta taxa de inadimplência, é o custo dela para os bancos o principal fator do alto spread bruto (a diferença entre o que os bancos pagam pelo dinheiro e quanto cobram no empréstimo): chega a ser quatro vezes maior do que a média de um conjunto de 12 países analisados em pesquisas da Febraban.

“A taxa de recuperação dos créditos inadimplidos é muito baixa no Brasil, consequência da lentidão de um Judiciário sobrecarregado e de um viés, tanto na legislação quanto na jurisprudência, em favor do devedor inadimplente. Apenas 16% dos créditos garantidos são recuperados no Brasil em casos de falência, comparado com uma taxa média de recuperação de 69% nos demais países”, cita a entidade.

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Quatro alternativas para buscar crédito mais barato

1. Empréstimo com garantia: modalidade que avançou no país nos últimos anos, em que se dá um automóvel ou imóvel como garantia. É possível fazer em bancos ou pela internet. Na Creditas, por exemplo, plataforma digital de empréstimos com garantia, é possível acessar taxas a partir de 1,89% ao mês no caso do crédito com garantia de veículo e parcelar em até cinco anos. Os empréstimos vão de R$ 2 mil a até 80% do valor do carro pela Tabela Fipe.

2. Antecipação da restituição ou 13º: são linhas de empréstimos mais baratas, em que o cliente se compromete a pagar com a restituição do imposto de renda ou com o 13º salário. Os juros são parelhos aos do crédito consignado.

3. Consignado: os empréstimos com desconto em folha têm taxas bem mais baixas do que as convencionais, em razão do menor risco de calote. Os juros ficam em torno de 3% ao mês e há débito direto na conta.

4. Ir até a agência negociar: parece simples, mas ir até a agência pedir empréstimo é sinônimo de desconforto para muita gente. Consultores financeiros orientam a procurar o gerente do banco em caso de necessidade de empréstimos, negociando taxas de juro mais baixas ou prazos de pagamento mais longos.

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Quatro dicas para negociar dívidas em atraso

1. Empréstimo: procurar empréstimos com juro mais baixo para quitar a dívida mais cara do cartão de crédito ou cheque especial, por exemplo, é uma boa escolha. Isso porque se assumiria uma dívida mais barata, como o consignado, para eliminar outra que cresce feito bola de neve.

2. Migração de dívida: a migração do débito para outra instituição com encargos menores, além de possibilitar juro mais baixo para uma mesma operação, é uma ferramenta eficaz para renegociar as taxas que se está pagando. Para migrar uma dívida para um banco com juro menor, é preciso primeiro que ele aceite quitá-la na instituição credora original.

3. Ir até o banco ou à loja: é preciso reunir todos os documentos de dívidas, como contratos e extratos dos débitos em atraso, levar até os bancos ou as lojas para quem se está devendo. Então, mostrar interesse em eliminar a dívida, pedindo redução nos juros ou alongamento no prazo.

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4. Utilizar o dinheiro extra: quem receber um dinheiro extra de bonificação, 13º salário ou FGTS, por exemplo, pode usar a totalidade ou uma boa parte para abater parcelas em atraso, limpando o nome de cadastros negativos de crédito e aliviando o orçamento mensal.