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A liberação de até 100% em renda variável vale para fundos  de previdência privada que tenham “clientes qualificados”, aqueles com mais de R$ 1 milhão para investir. | Pixabay/
A liberação de até 100% em renda variável vale para fundos de previdência privada que tenham “clientes qualificados”, aqueles com mais de R$ 1 milhão para investir.| Foto: Pixabay/

No último mês de setembro, uma resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) liberou os fundos de previdência para investir até 100% de seus recursos em ações – com uma parcela, inclusive, para aplicações no exterior. Na prática, a nova regra faz com que esses fundos possam arriscar mais em busca de mais rentabilidade, algo necessário em um momento de juros em queda e inflação baixa como vive o Brasil.

Há pouco tempo, uma instrução da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, já tinha aumentado o limite de investimento dos fundos de previdência em ativos de renda variável. A nova resolução do CNSP reforçou a mudança, aumentando esse limite de 49% dos investimentos para até 100%, e abriu, oficialmente, um novo leque de possibilidades para os clientes, que poderão montar planos mais arrojados, se assim o desejarem.

A liberação de até 100% em renda variável vale para fundos que tenham “clientes qualificados”, aqueles com mais de R$ 1 milhão para investir. Para os outros meros mortais, a fatia de ativos mais arrojados passou de 49% para 70% do total da carteira.

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É uma movimentação que ajuda a derrubar o mito de que a opção dos fundos de previdência é para o investidor preguiçoso, que não deseja ter uma postura ativa em relação aos seus ativos. Se antes da nova resolução ele já podia construir uma estratégia que não significasse apenas o débito de uma parcela X por mês para compor um bom pé-de-meia para a aposentadoria, agora essas possibilidades cresceram. Agora é possível pensar em mais objetivos e estratégias para atingi-los, sempre dentro da característica de longo prazo, para dez anos ou mais, desse tipo de investimento.

Dois exemplos desses novos fundos são os de multimercado Dinâmico e Multiestratégia, que acabam de ser lançados da BrasilPrev, empresa que atende mais de 1,98 milhão de clientes e tem como acionistas a BB Seguridade e a Principal Fianncial Group, uma das principais instituições financeiras dos Estados Unidos.

No Dinâmico e no Multiestratégia, o foco é a busca de resultados por meio da alocação estratégica em ativos de renda fixa de curto, médio e longo prazo (índice de preços e prefixados), renda variável, investimento no exterior e moedas, dentre outros.

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O Dinâmico destina até 20% para renda variável no Brasil, introduz alocações no exterior por meio de estratégias da Principal Global Investors (PGI) e também poderá operar moedas. Já o Multiestratégia destina até 49% para renda variável e, além do investimento no exterior por meio da PGI e moedas, investirá em estratégias diferenciadas de multimercado geridas pela BB DTVM, a gestora de ativos da BrasilPrev.

Se você não faz o tipo cliente arrojado, a nova resolução do CNSP também trouxe outras possibilidades mais moderadas de investimento em previdência privada, como os fundos em que o risco é gradual, ou seja, se concentra mais no início do contrato, quando, normalmente, o cliente tem mais condições de aguentar um eventual baque, e são reduzidos quando o fim do prazo se aproxima. A lógica é que quanto mais perto do objetivo traçado lá no início, menos risco se corra.

Outro produto é o PGBL ou VGBL programado, indicado para quem tem como objetivo uma renda vitalícia, com resgates planejados até o início da aposentadoria para valer. É algo bom para quem deseja, por exemplo, complementar a aposentadoria da previdência pública, mas continuará a trabalhar por um tempo. Nesse período, pode programar alguns resgates, mas sem esquecer do objetivo final da renda vitalícia mais para frente.

“O ideal é que o cliente não tenha um plano com um fundo, mas com dois, três, de forma que ele tenha uma mix de estratégias que o levarão ao objetivo final. Mesmo dentro dos investimentos dele também não é recomendado que ele invista só em previdência privada. É sempre previso diversificar”, explica o superintendente de Investimentos da BrasilPrev, Altair César.

A resolução do CNSP também prevê que os cotistas de fundos existentes poderão optar por fazer a portabilidade para os novos produtos. Mas isso dentro do mesmo tipo de produto, apenas. Ou seja, de PGBL para PGBL e de VGBL para VGBL.

Custos: mais riscos significam também mais recompensa para o gestor

A liberação para que a previdência privada busque mais renda variável para ter uma maior rentabilidade também exige atenção dos investidores quanto aos custos. Embora alguns bancos e corretoras estejam cobrando taxas de administração mais baixas ou até mesmo isentando alguns clientes, as novas regras permitem que os fundos de previdência privada passem a adotar uma taxa típica dos fundos multimercado e de ações, a taxa de performance. Afinal, os novos fundos exigirão muito mais de um gestor.

Essa taxa é cobrada sobre o rendimento excedente no período em relação ao CDI, e após todos os outros descontos, como imposto de renda e taxa de administração. Nos fundos multimercado, por exemplo, a taxa média de performance é de 20%. Exemplo: se o rendimento foi de R$ 1 mil e o CDI tenha rendido R$ 300 no mesmo período, os 20% da taxa de performance incidirão sobre R$ 700. Provavelmente, a taxa de performance dos fundos de previdência privada, quando houver, seguirá a mesma linha.

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Já a média da taxa de administração no mercado é de 3%, hoje, mas os especialistas recomendam um limite de 2%. Além dos custos já mencionados, os planos de previdência tem a cobrança da chamada taxa de carregamento, que não passa dos 5% sobre o valor da contribuição e que pode ser cobrada de três formas: antecipada (paga no momento do aporte e decrescente em função do valor aportado); postecipada (incide só em caso de resgate ou portabilidade); híbrida (tanto na entrada quanto no resgate).

“A maioria dos planos tem taxa de carregamento do tipo postecipada e que diminui à medida que o prazo do investimento avança – e o grande objetivo de um plano de previdência privada é, justamente, que ele seja levado até o fim, então essa taxa tende a zerar”, explica César.

É preciso colocar todos esses custos na balança para ver se o investimento vale a pena. A favor dos fundos de previdência quando em comparação com outros investimentos, estão o peso menor do imposto de renda, a inexistência de outras taxas como o “come cotas” e uma facilidade maior de transferência dos recursos para herdeiros em caso de falecimento.

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