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A notícia de que o governo federal estuda um pacote para incentivar a construção civil fez com que as lojas de materiais se mobilizassem para serem incluídas nas listas benesses que saem de Brasília. O lobby do setor é para que seja liberado mais crédito para o consumidor "formiguinha", aquele que compra materiais em quantidades pequenas e que é responsável por quase 70% das vendas do varejo.

A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), que representa o setor, fez algumas sugestões para o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ela pede permissão para que as operações de microcrédito contemplem também a compra de material de construção. Além disso, querem menos burocracia na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.

No caso do microcrédito, a entidade argumenta que há recursos disponíveis e que vêm sendo subutilizados. Esse tipo de linha de financiamento é bancado por 2% do compulsório sobre os depósitos à vista, recolhidos pelos bancos. Em 2008, estes recursos representaram R$ 2,8 bilhões, dos quais R$ 1,1 bilhão retornou ao Banco Central sem ser utilizado.

No caso da Caixa Econômica, o pedido é para que haja mais facilidade para a liberação do Construcard, linha usada para a compra de materiais de construção. "O consumidor ainda encontra muita dificuldade para ter acesso ao empréstimo porque a Caixa faz muitas exigências, como fiança e avalista", diz o presidente da Anamaco, Cláudio Conz. "Apesar de terem aumentado o limite de R$ 7 mil para R$ 25 mil, o Construcard não obteve a movimentação esperada."

Em 2008, esta linha de crédito tinha disponível R$ 400 milhões em recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – mas menos de R$ 100 milhões foram emprestados. Para 2009, o orçamento previsto é de R$ 1 bilhão.

A inclusão de benefícios para as lojas de materiais de construção é apontada pela Anamaco como uma forma de reverter a tendência de queda verificada nas últimas semanas e que virou uma dor de cabeça para as 140 mil lojas em todo o Brasil. A queda nas vendas entre dezembro e janeiro foi, em média, de 10% – índice que é um bom indicador de como a população está segurando gastos não-essenciais.

Com o pacote de incentivo, a Anamaco projeta um crescimento de 8,5% para o segmento em 2009. O número fica um pouco abaixo do resultado obtido em 2008, 9,5%, e praticamente neutraliza os efeitos da crise econômica.

Repercussão

O empresário Norberto Raderer, proprietário do Centro da Construção, em São José dos Pinhas, região metropolitana de Curitiba, é cético quanto ao alcance real do pacote. "No fim das contas, este tipo de medida funciona apenas para ajudar as grandes construtoras. Para as pequenas e médias empresas, que estão na ponta do varejo, não muda nada."

O proprietário da loja Milani, Ademilson Milani, vê o pacote da construção com mais otimismo. "A desoneração fiscal impulsiona as vendas. Se for feito na construção o mesmo que foi feito para incentivar a indústria automotiva, poderemos ter um 2009 estável ou com ligeiro crescimento."

O vice-presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Curitiba (Acomac) e proprietário da rede Martini, Rogério César Martini, acredita que a desoneração fiscal deve funcionar para alavancar as vendas para o consumidor varejista que compra em pequenas quantidades. "A carga tributária chega a pesar 40% no valor de uma obra."

O diretor de marketing da rede Bigolin Materiais de Construção, Nilson Fante, avalia que as perspectivas são boas caso o pacote consiga fazer o crédito chegar aos consumidores. "Na nossa visão, o crédito às classes C e D poderá manter o atual fluxo de vendas. Esses consumidores compram a prazo e o crédito viabiliza o sonho da casa própria ou a reforma." A rede, que tem sede em Cascavel e 24 unidades em cinco estados, planeja inaugurar uma nova filial em meados de abril em São José dos Pinhais.

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