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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva veio à Venezuela nesta segunda-feira com a missão de colocar panos quentes no contencioso do etanol, mas também chegou disposto a "não levar desaforo para casa" caso os vizinhos elevem o tom, afirmou à Reuters um interlocutor do presidente.

Lula viajou nesta manhã para participar da Cúpula Energética da Comunidade Sul-Americana de Nações na Isla Margarita, ponto turístico venezuelano. Mais cedo, lançou a pedra fundamental de um pólo petroquímico em Barcelona, a cerca 400 quilômetros da capital, Caracas.

A brasileira Braskem firmou com a estatal venezuelana Pequiven acordo para constituir joint-ventures e implantar um pólo com investimentos de 2,5 bilhões de dólares.

Em discurso, o presidente brasileiro disse que é preciso fazer também na Bolívia o investimento anunciado na Venezuela. A Braskem paralisou planos de participar de um pólo petroquímico na fronteira com a Bolívia após a nacionalização do setor de gás.

Durante a cerimônia, Lula não tocou no assunto "etanol". Chávez apenas tangenciou o tema.

"Vivemos uma crise energética mundial. A causa se chama petróleo, a causa se chama energia. A América do Sul tem tudo para enfrentar essa crise, dando prioridade a nosso consumo (interno)", afirmou.

Esse foi o primeiro encontro de Lula com o líder venezuelano após críticas contra o projeto brasileiro de globalização do etanol, com o apoio dos EUA.

No início do mês, o líder Fidel Castro publicou artigo no jornal Granma com críticas, às quais Chávez fez coro. Elas vieram à tona após a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil, em março.

O argumento principal é que o cultivo extensivo da cana-de-açúcar, além de degradar o solo por se tratar de uma monocultura, substituiria parte da produção de alimentos, aumentando a fome no mundo.

Evitar briga

Além de ser amigo pessoal dos dois líderes latino-americanos, Lula não deseja um racha ideológico nas relações com os países da região.

"Ele vai para lá (Isla Margarita) disposto a acalmar as coisas, mas não trará desaforo para casa", disse à Reuters um importante interlocutor do presidente.

Segundo outra fonte do Palácio do Planalto, o presidente brasileiro usará a reunião de cúpula para reafirmar o discurso da "unidade" regional, de consolidação da América do Sul como potência energética no mundo, fortalecendo assim a integração econômica.

Para acalmar os ânimos, Lula deve explicar que a cooperação com os EUA na área de biocombustível não altera a política externa brasileira na região.

Em seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente, Lula afirmou nesta segunda-feira que acredita que o Brasil, outros países da América do Sul e a África terão condições de "tranquilamente" produzir tanto biodiesel quanto alimentos.

Bolivarianas

Situada na porção oriental da Venezuela, Barcelona é capital do Estado Anzoátegui. A cidade é sede de importantes complexos petrolíferos e exibe faixas que exaltam o líder venezuelano.

Ao desembarcar na base aérea no início da tarde, ao lado do presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, Lula encontrou-se com Chávez e com o presidente da Bolívia, Evo Morales. Aos colegas, o comandante venezuelano mostrou sua mais nova aquisição: seis caças russos Sukoy.

Eles se deslocaram ao complexo petroquímico José de helicóptero, por isso, Lula não pôde ver as bandeiras e os diversos outdoors políticos. Um deles, remanescente do período eleitoral, dizia: "Uh! Ah! Chávez não se vá!"

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