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Lula
Em discurso a empresários, Lula disse que não fará privatizações em seu governo e criticou a manutenção da taxa de juros a 13,75%.| Foto: Secom/divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, na manhã desta segunda (24), a privatização de empresas brasileiras nos governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), em especial a Eletrobras, e voltou a cobrar a queda da taxa de juros atualmente a 13,75%, reforçando o embate que vive desde o começo do ano com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

As afirmações foram dadas após um discurso do primeiro ministro português, António Costa, durante a participação no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, realizada na cidade de Matosinhos, onde 200 empresários brasileiros e do país se reúnem para a realização de negócios bilaterais.

A declaração de Lula foi dada em meio a um discurso em que falou sobre os negócios fechados pelo governo português com a Embraer, como o desenvolvimento do avião cargueiro militar KC-390 e das aeronaves A-29N Super Tucano no padrão que atende aos requisitos operacionais da OTAN, a aliança militar do ocidente. O presidente fará uma viagem de demonstração no avião cargueiro, no final da manhã, entre a cidade do Porto e Lisboa.

Lula afirmou que seu governo não irá vender empresas públicas e que, nos últimos seis anos, “se vendeu muito patrimônio público não para construir outro patrimônio ou custo de outro ativo, mas simplesmente para pagar juros da dívida pública, e a qualidade do serviço não melhorou”.

“Nós privatizamos a nossa maior empresa de energia elétrica, que era a Eletrobras, por US$ 36 bilhões, se não me falhe a memória. A primeira coisa que a diretoria fez foi aumentar o salário da diretoria de R$ 60 mil por mês para R$ 360 mil por mês. E eu agora tenho que indicar um conselheiro para essa empresa para trabalhar uma vez por mês que ganha R$ 200 mil”, disse em um discurso de improviso.

A fala foi seguida de declarações sobre o que teria sido um isolamento do Brasil no mundo para a realização de negócios e que precisa viajar para restabelecer relações. Também declarou a importância de parcerias para combustíveis renováveis e produção conjunta com Portugal para abastecer o mercado europeu.

Crítica à taxa de juros a 13,75%

Em um novo episódio do embate do governo com o Banco Central, Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela manutenção da taxa básica de juros SELIC a 13,75% ao ano.

Sem mencioná-lo nominalmente, Lula disse que o Brasil “tem um problema que Portugal não sei se tem, é que a nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa SELIC, que é a taxa referencial, tá a 13,75%”.

“Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, não existe dinheiro mais barato. E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro tem que circular não apenas na mão de poucos, mas na mão de todos”, disparou.

Na última quinta (20), Campos Neto foi cobrado também pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante uma participação no Fórum Lide Conference, realizado em Londres. O presidente do Banco Central rebateu a fala, no mesmo evento, dizendo que "o timing técnico é diferente do timing político, e por isso a autonomia é importante".

Na sequência, Lula disse também que a indústria brasileira – principalmente de fornecedores de peças e equipamentos à Petrobras – diminuiu a produção nacional e abriu espaço para a importação “de cargueiros” à petrolífera “que nós sabemos fazer, que 65% dos componentes de plataformas e sondas seria nacional”, “quase que 65 mil empresas [de pequenos fornecedores]”. No entanto, não justificou de qual teria sido o motivo.

Lula também citou a afirmação que deu em uma entrevista à RTP, no final de semana, em que reconheceu que não tem maioria no Congresso. “Eu disse que a minha base é 513 deputados e 81 senadores, todos. Vamos esperar entrar os projetos no Congresso Nacional, o tipo de conversa que vamos fazer, e vamos ver qual é a nossa base”, completou.

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