O fortalecimento do G20 como instância de articulação de políticas econômicas será uma das principais propostas brasileiras na cúpula do G20 [que reúne 19 grandes economias desenvolvidas e emergentes mais a União Européia] sobre mercados financeiros e economia global, neste sábado (15), em Washington. "O G8 [grupo das sete maiores economias do mundo mais a Rússia] não tem mais razão de ser, é preciso levar em conta as economias emergentes no mundo globalizado de hoje", disse Lula.
Em rápida conversa com jornalistas, antes da reunião, Lula disse que também defenderá a regulação dos mercados financeiros o mesmo que já foi dito na sexta-feira, em jantar com chefes de Estado na Casa Branca. "Eu disse ontem que a vida inteira, quando eu era metalúrgico, para comprar uma televisão eu tinha que fazer 40 ou 60 horas extras por mês. Não é justo que alguém fique bilionário sem produzir uma única folha de papel, sem produzir um único emprego, sem produzir um único salário", afirmou o presidente.
Pela proposta brasileira, caberia ao G20 a regulação dos mercados. Se conseguirmos fazer isso, já é uma coisa extremamente importante, disse Lula.
O presidente se mostrou otimista quanto ao encontro deste sábado, apesar das diferenças de posições já explicitadas por Estados Unidos e o resto do mundo quanto a temas-chave, como a regulamentação e supervisão das operações financeiras. Bush é a favor do livre mercado e era teoricamente favorável regulamentação de mercados, acha que cada país deve tratar do seu quintal. Para dificultar consensos, o presidente norte-americano, que está em final de mandato, tem posições diferentes das de seu sucessor, o democrata Barack Obama, que toma posse em 20 de janeiro.
Lula reconhece que a situação de Bush é delicada, mas acredita que será possível sinalizar ao mundo que a crise será superada mais rápido do que se espera. A situação americana é delicadíssima, tem uma transição entre o presidente que vai sair e o presidente que vai entrar, mas acho que o presidente Bush tem que assumir a responsabilidade de que é o presidente até o dia 20 de janeiro e não pode ter vacilaçoes na questão do tratamento da crise.
A exemplo do que fez na abertura da reunião de ministros de economia e presidentes de bancos centrais do G20 financeiro, há uma semana, em São Paulo, Lula pedirá que os países ricos assumam sua responsabilidade pela crise. A melhor solução para evitar que a crise se alastre é os países ricos resolverem seus problemas. É a primeira vez que os problemas não estão nos países pobres, afirmou. Não adianta ficar procurando medidas paliativas se não resolver o problema crônico da política econômica americana e da política econômica européia.
Lula participa das sessões plenárias do G20 financeiro agora pela manhã. Depois, terá almoço com os chefes de Estado e de governo para tratar da Rodada Doha. Antes de voltar ao Brasil, ainda terá encontro com o presidente da China, Hu Jintao.
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