O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs aos líderes do G20 financeiro que o bloco seja transformado em um grupo permanente de Chefes de Estado e de Governo para articulação de políticas financeiras. A proposta foi apresentada neste sábado (15) em discurso de cinco minutos na cúpula sobre economia mundial e mercados globais. O G20 foi criado há dez anos como instância de diálogo entre ministros de economia e presidentes de bancos centrais de 19 grandes economias desenvolvidas e emergentes.
Lula aproveitou e pediu mais espaço em organismos financeiros multilaterais para os países emergentes, responsáveis por 75% do crescimento mundial.
Os organismos multilaterais existentes e as regras internacionais vigentes foram reprovados na história. Tanto o FMI quanto o Banco Mundial devem se abrir para uma maior participação das economias em desenvolvimento, disse Lula.
Lula repetiu os argumentos usados na abertura da reunião de ministros e bancos centrais do G20, no final de semana passado, em São Paulo. Chamou os especuladores de irresponsáveis e pediu aos países ricos que assumam sua culpa pela crise financeira global.
Ele frisou que a inconseqüência dos mercados desenvolvidos põe em risco políticas de estabilização econômica e inclusão social adotadas nos países em desenvolvimento.
Todo esse esforço, resultante de forte mobilização social e política em nossos países, está hoje ameaçado por uma crise que não criamos. Ela nasceu nos países centrais. É fruto da ganância de irresponsáveis especuladores e tenho de dize-lo com franqueza da absoluta falta de mecanismos sérios de regulação dos mercados financeiros.
A regulamentação de mercados é justamente um dos temas polêmicos do G20 financeiro. Todos concordam com a necessidade de maior controle sobre as operações financeiras, mas há divergências quanto forma de fazer isso.
Os Estados Unidos, onde se desencadeou a atual crise, defendem que cada governo regule seu próprio mercado. Para Lula, um G20 fortalecido seria a instância ideal para a formulação desse tipo de política.
O presidente também chamou atenção para o comércio internacional como impulsionador do crescimento econômico e defendeu a conclusão da atual rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio.
Ela [a Rodada Doha] indicaria a decisão de uma ação global coordenada, que injetaria confiança nos mercados e conteria o surgimento de tendências protecionistas.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, os líderes destacam no documento final da cúpula do G20 que será divulgado ainda hoje - a necessidade de se chegar a um acordo na Rodada Doha até o final deste ano.
A cúpula deste sábado, convocada pelo presidente George W. Bush, foi a primeira reunião de chefes de Estado e de Governo do G20 e a simples convocação do encontro já é considerada um avanço e um reconhecimento, pelos países do G8, de que não são mais capazes de definir sozinhos os rumos da economia mundial.
Segundo Celso Amorim, os líderes assumiram o compromisso de realização de uma nova cúpula até o dia 30 de abril de 2009.
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