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“Desde ontem tenho conversado com todos os líderes, estabelecendo um novo calendário de 60 dias. Levei ao presidente que no dia 10 de novembro inicio as votações. Agradamos a todos.” Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados | Marcello Casal Jr/ABr
“Desde ontem tenho conversado com todos os líderes, estabelecendo um novo calendário de 60 dias. Levei ao presidente que no dia 10 de novembro inicio as votações. Agradamos a todos.” Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados| Foto: Marcello Casal Jr/ABr

Para Repsol, ambiente no Brasil é "estável"

Na contramão do discurso de parte do setor privado, segundo o qual o modelo proposto pelo governo para a exploração do pré-sal afastaria investidores, o presidente da petrolífera espanhola Repsol, Antoni Brufau, disse ontem que o país oferece um ambiente estável para as empresas de petróleo.

"O Brasil é um país perfeitamente estável no momento de definir suas bases jurídicas", afirmou Brufau à rádio Intereconomia. Ele disse que a empresa terá de se adaptar como todas as outras ao modelo de concessão. "Nossa situação atual, porém, se mantém inalterada", afirmou o presidente da Repsol, se referindo aos campos já licitados e concedidos.

Inibição

Na terça-feira, integrantes do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP) afirmaram no Senado que o monopólio dado à Petrobras como operadora e o poder de veto da nova estatal (a chamada Petro-Sal) nos comitês operacionais que vão supervisionar a exploração de cada campo terão o poder para inibir os investimentos das empresas privadas.

Fluminenses insistem em royalties

Apesar da resistência do Palácio do Planalto, os deputados do Rio de Janeiro querem fixar no projeto que estabelece o novo modelo de exploração do petróleo as regras de distribuição de royalties provenientes da área do pré-sal. A ideia, discutida ontem pela bancada, é forçar o governo federal a distribuir aos demais estados e municípios parte dos recursos que serão destinados à União, sem afetar o fluxo de dinheiro que estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo recebem pelo sistema de atual.

Brasília - O presidente Lula recuou e aceitou retirar a urgência constitucional dos quatro projetos de lei que tratam do marco regulatório do pré-sal. Em troca, a oposição fechou acordo com a base aliada do governo na Câmara para votar os projetos no dia 10 de novembro.

O acordo deu à oposição mais 24 dias corridos, cerca de 70 dias ao todo, para debater e tentar modificar a proposta do governo. Antes, no regime de urgência, os projetos teriam de ser votados em 45 dias ou trancariam a pauta.

O recuo foi articulado pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que prometeu a Lula não só votar todos projetos até o início de novembro como também aprová-los na Casa com o "mínimo de modificações". Ontem pela manhã, Temer havia se reunido com líderes da oposição, como José Aníbal (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) para fechar o acordo.

Para convencer Lula, Temer disse que o melhor caminho seria a negociação, já que, com a obstrução que DEM e PSDB estavam fazendo na Câmara, os projetos não seriam votados antes de novembro. E num clima de guerra. O peemedebista disse ainda que deputados da oposição tendem a votar a favor do governo em boa parte dos projetos, mas a urgência poderia prejudicar essa disposição.

Com a urgência, o prazo para as votações se encerraria no dia 16 de outubro. No dia 17, os projetos passariam a trancar as demais deliberações. Sem a urgência, o tempo para a apresentação de emendas foi ampliado. O prazo, que venceria amanhã, passa para a próxima semana. "Desde ontem tenho conversado com todos os líderes, estabelecendo um novo calendário de 60 dias. Levei ao presidente que no dia 10 de novembro inicio as votações, mesmo que as comissões não tenham concluído o seu trabalho. Agradamos a todos", disse Temer.

Retaliação

Em retaliação à urgência, líderes dos principais partidos da oposição estavam obstruindo todas as votações na Câmara, o que dificultava o andamento dos trabalhos na Casa. "Prevaleceu o bom senso. Voltamos a nos pautar, não tem mais ameaças do Executivo", disse Ronaldo Caiado.

Para alguns líderes governistas, apesar do recuo de Lula, o novo calendário é positivo. Avaliam que, se a obstrução fosse mantida, os projetos não seriam votados até 10 de novembro. "O Lula aceitou retirar a urgência constitucional, embora as propostas continuem urgentes. Uns dias a mais não faz tanta diferença", disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Senado

Deputados governistas lembraram ainda que o acordo com Lula é referente só à Câmara. Ou seja, nada impede que Lula opte por pe­dir novamente o regime de ur­gência quando os projetos fo­rem ao Senado. Se isso acontecer, o prazo de 45 dias para análise e votações voltaria a ser contado no Senado.

"Eu defendo a urgência conosco. Um acordo na Câmara não tem relação aqui", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ressaltando que a oposição tem mais força na Casa.

A visita de Temer a Lula na tarde de ontem, junto com outros líderes da base, foi a segunda com o mesmo objetivo. Na semana passada, sem o apoio do PT, Lula havia negado a mudança. Nesta quarta, no entanto, com o calendário semelhante de votação estabelecido por Temer e com o apoio dos petistas, ele aceitou a proposta.

Tucanos

O PSDB anunciou a decisão de não fazer oposição radical, no Congresso, aos projetos do governo que definem as regras para a exploração do petróleo do pré-sal. Em vez de se opor à adoção do novo modelo de partilha ou à criação da nova estatal do petróleo – a Petro-Sal –, o partido exigirá do PT que explique as vantagens concretas da mudança, anunciando, por exemplo, quando a Petrobras "capitalizada" baixará os preços da gasolina e do gás de cozinha.

Embora sem fazer oposição ao modelo de partilha, o PSDB assumirá a defesa do sistema atual de concessão, adotado no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, mas admite rever o modelo.

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