• Carregando...

Brasília (Folhapress) – Os critérios políticos superaram os técnicos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou sem vetos mais relevantes o texto do Congresso para a medida provisória batizada de "MP do Bem", com benefícios tributários para mais de duas dezenas de setores da economia. Foram mantidas praticamente na íntegra duas das alterações mais abrangentes na MP feitas pelos parlamentares, que desde o princípio sofreram oposição da área econômica: a ampliação dos benefícios tributários para micro e pequenas empresas e a regularização da prestação de serviços por profissionais liberais na condição de pessoa jurídica.

Nos cálculos da Receita Federal, a nova lei resultará em uma renúncia fiscal de R$ 5,7 bilhões anuais – na versão original da MP, a perda era de R$ 3,24 bilhões. Sem os 12 vetos aplicados por Lula, a conta subiria para R$ 6,3 bilhões. No entanto, a arrecadação não deverá cair tanto, uma vez que o governo pretende, na regulamentação da lei, elevar as alíquotas do Simples (sistema simplificado de tributação das empresas de pequeno porte).

Editada em junho, a chamada "MP do Bem" foi concebida para reduzir a tributação sobre os investimentos de empresas que exportam pelo menos 80% de sua produção. Ainda no processo de elaboração pelo Executivo, lobbies empresariais e governamentais levaram a medida a contemplar também setores como mercado imobiliário, previdência privada, informática e empresas instaladas em regiões mais pobres. No Congresso, a desarticulada base governista não foi capaz de evitar que a MP quase dobrasse de tamanho.

A principal mudança feita pelo Congresso quase inviabilizou a MP: foi dobrado o teto para o enquadramento de empresas no Simples, que passou a receita bruta para R$ 2,4 milhões anuais. Por ação dos governistas, a medida provisória original, de número 252, acabou completando 120 dias sem ter sua votação concluída e deixando de vigorar. Para ressuscitar os benefícios tributários em outra MP, a 255, governo e oposição acertaram que o novo teto seria mantido, mas o governo enviará uma nova medida provisória criando novas faixas de tributação no Simples – as alíquotas atuais variam de 3% a 8,6%; a alíquota mais alta, pelos planos da Receita, deve passar a algo como 12,5%.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]