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Um jornalista testa o Tesla S numa feira em Palo Alto, Califórnia. | David Paul Morris/Bloomberg
Um jornalista testa o Tesla S numa feira em Palo Alto, Califórnia.| Foto: David Paul Morris/Bloomberg

A maioria dos Americanos acredita que os carros autônomos serão comuns dentro de 15 anos, embora 74% diga que não esperam ter um e dois terços sequer gostariam de andar de bicicleta próximo a um veículo desses.

Confuso? Isso porque os resultados vêm de três diferentes pesquisas sobre a atitude dos americanos em relação aos carros autônomos. Tomados em conjunto, no entanto, eles ressaltam dúvidas generalizadas sobre o assunto, o desafio que as montadoras encaram para comercializá-los, e a necessidade de garantias de segurança pelos reguladores federais.

A maior parte dos Americanos – 70%, de acordo com uma pesquisa da HNTB – está mais aberta à ideia de carros sem motoristas no futuro, independente de planejarem, ou não, andar em um.

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O desenvolvimento que anuncia o futuro desses veículos veio em dose dupla. Primeiro, o proeminente fundo de investimentos SoftBank Vision Fund prometeu investir U$ 2,25 bilhões na operação de veículos autônomos da General Motors. Em seguida, a Fiat Chrysler Automóveis anunciou que que forneceria até 62 mil minivans híbridas Chrysler Pacifica para a Waymo, a empresa pioneira de carros autônomos.

Com várias dezenas de empresas trabalhando para desenvolver carros autônomos ou coloca-los para rodar, a presença destes automóveis é inevitável. Mas antes dos carros “se tornarem comuns em 15 anos”, como diz a pesquisa da HNTB, uma mudança massiva de atitude será necessária.

“Algo que me saltou aos olhos nas três pesquisas foi que a maioria das pessoas não tem vontade de dirigir ou andar em um veículo autônomo”, disse Jim Barbaresso, que comanda Prática de Sistemas Inteligentes de Transporte da HNTB, uma solução de infraestrutura da empresa.

Segundo a pesquisa da HNTB, 55% das pessoas disseram que não utilizariam um carro que dirige sozinho. Outro levantamento, da AAA, mostrou que na verdade seriam 73% das pessoas, e em uma terceira pesquisa, do grupo Consumer Watchdog, o resultado chegou a 74%.

Quando o relatório da AAA foi publicado, Greg Brannon, diretor do grupo de engenharia, fez uma declaração que pode ser ponto-chave da questão: “Qualquer incidente envolvendo um veículo autônomo provavelmente abalará a confiaça dos consumidores, o que é um componente crítico para que a aceitação seja ampla”.

Uma simples leitura das manchetes recentes pode explicar os mal-entendidos.

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A Uber retirou seus carros autônomos de circulação depois que um deles atropelou e matou uma pedestre em Tempe, Arizona, em março deste ano. Um veículo em teste da Waymo, com um humano no volante, bateu quando foi fechado por outro carro, também no Arizona. Quando os carros da Tesla bateram utilizando o modo driver-assist, a tecnologia foi confundida com a dos carros totalmente autônomos, criando boletins como “Motorista de Tesla morre no primeiro acidente fatal com carros autônomos”. E quando um caminhão entrou na traseira de um ônibus autônomo em Las Vegas, em novembro, uma manchete dizia “Ônibus autônomo bate na primeira hora de serviço”.

Depois de tanta publicidade negativa, AAA descobriu que o número de millenials que disseram que não tinham vontade de andar num carro sem motorista cresceu de 49%, no final de 2017, para 64%, no último mês. Além de tudo, três quartos dos entrevistados disseram que não gostariam de dirigir um.

Mas Barbaresso aponta que, numa era em que o onipresente iPhone tem menos de 12 anos de idade, a tecnologia está avançando. Ele não se surpreendeu quando 7 em cada 10 pessoas disseram que esperam que carros autônomos sejam comuns daqui a 15 anos.

“Não me surpreendi porque a tecnologia está avançando muito rapidamente”, disse. “Muito pode acontecer neste tempo. Existe uma relutância em utilizar um veículo autônomo agora, mas e em 15 anos? A disposição de andar nestes automóveis vai crescer drasticamente neste período”, completou.

A pesquisa da HNTB trouxe, ainda, alguns detalhes sobre pessoas entre 18 e 34 anos, que, em sua maioria, pensa que os carros autônomos são mais seguros que os dirigidos por humanos, e que ajudariam a tornar as estradas mais seguras para pedestres e ciclistas. Esta pesquisa vai contra a da AAA, e mostra que 60% dos millenials afirmam estar prontos para entrar num destes carros.

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“As gerações mais jovens são certamente conhecedoras de tecnologia”, disse Barbaresso. “Os millenials, mesmo a Geração X em alguns casos, parecem ter grande disposição a utilizar um veículo automatizado”.

Em 15 anos, os mais jovens dos millennials terá 33 anos, e o mais jovem da Geração X terá 50. Se os carros autônomos devem ser aceitos por eles, Barbaresso acredita que serão necessários esforços de marketing da empresa para enfatizar que eles são seguros.

“E também a educação pública. As agências do governo precisam se posicionar também, para garantir a segurança”, disse. “Veículos automatizados são muito educados. Eles seguem regras de trânsito. Motoristas humanos não fazem isso, necessariamente”, finaliza.

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