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Fórmula repete mais do mesmo e dá sinais de esgotamento

O crédito tem sido a principal arma do governo para fomentar o consumo, que foi uma das molas do crescimento econômico nos últimos anos. O crédito chegou a crescer 30% em 2008 e 21% em 2010, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,5%.

A estratégia do governo é evitar repetir mais um ano de expectativas frustradas. Em 2012, a projeção de crescimento do PIB, que começou o ano em 4,5%, foi caindo mês a mês e é bem provável que a economia brasileira tenha fechado 2012 com um avanço próximo de 1%.

Em meio ao esforço do governo para aumentar o consumo via crédito, os economistas acreditam que a fórmula dá sinais de desgaste. "Está claro que medidas de estímulo têm limitações. Não dá para apostar para sempre em antecipação de consumo. O governo já percebeu isso ao passar a dar maior ênfase aos investimentos", diz Mariana Oliveira, economista da Tendências Consultoria.

Para ela, no entanto, uma deterioração do quadro de crédito poderia ter consequências graves para o consumo e por tabela para a atividade econômica. "Houve sim uma piora da oferta de crédito para pessoas físicas em 2012, em que pese uma atuação mais forte dos bancos públicos", diz. Para ela, não foi apenas a demanda mais fraca, com as famílias endividadas, que influenciou o resultado em 2012. "Com a redução dos spreads e uma inadimplência resistente, os bancos restringiram a oferta". A atuação mais tímida dos bancos privados também contribui para retroalimentar a própria inadimplência. "As pessoas não conseguiram refinanciar suas dívidas", diz. Mariana estima um crescimento nominal do crédito de 15% e real (já descontada a inflação) de 8,7% em 2013.

Goleada

Caixa e BB, usados pelo governo federal para forçar a baixa dos juros no ano passado, aumentaram seus volumes de crédito em 27%. As instituição privadas avançaram apenas 7%.

Depois do fraco desempenho da economia brasileira em 2012, o governo pretende colocar mais crédito no mercado para tentar turbinar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Nos bastidores, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a própria presidente Dilma Rousseff têm tentado convencer os bancos privados de que a inadimplência está estável e que portanto há motivos para o crédito voltar a fluir e para cortes mais agressivos nos juros praticados. A leitura do Palácio do Planalto é de que embora tenham reduzido suas taxas, os bancos privados ainda foram muito tímidos na concessão de empréstimos em 2012.

INFOGRÁFICO: Acompanhe como a inadimplência cresceu à medida que a oferta de crédito também avançou nos últimos anos.

Bancos públicos

O governo promete usar, mais uma vez, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil para cortar juros, alavancar empréstimos e pressionar mais os bancos privados a abrirem a torneira do crédito.

Em 2012, o volume de crédito oferecido pelos bancos somou R$ 2,36 trilhões, o que representou uma alta de 16,2%, segundo o Banco Central. Foi um crescimento menor que o registrado em 2011 (19%) e 2010 (21%). Ainda assim o crédito atingiu a marca recorde de 53,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – contra 49% em dezembro de 2011.

Nesse mercado, os bancos públicos ganharam de goleada dos privados. Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil aumentaram seus volumes em 27,2% – contra um avanço de apenas 7% das instituições privadas. No ano passado, os bancos privados responderam por 52,4% do crédito total oferecido. Em 2007, essa participaração era de 65,9%.

Inadimplência

Do lado dos grandes bancos, o argumento tem sido que, embora não tenha subido mais, a inadimplência também não recuou e se mantém em um patamar historicamente elevado. Em dezembro, a inadimplência de pessoas físicas estava em 7,9% – contra 5,7% em dezembro de 2010.

"A inadimplência está recuando, mas ainda não é um movimento generalizado. Ela caiu no crédito automotivo e no imobiliário, mas ainda se mantém alta no cheque especial e no crédito pessoal", explica Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian.

Segundo ele, a tendência é de que 2013 seja um ano de reorganização no mercado de crédito. As famílias mais endividadas estão arrumando suas contas e os bancos estão limpando suas carteiras com mais problemas com o calote.

Mas, apesar da pressão do governo, a maioria dos analistas prevê um crescimento do crédito próximo de 15% em 2012. "Aos poucos a inadimplência deve recuar e os bancos voltarão a emprestar", prevê Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Para ele, a inadimplência deve começar a recuar a partir de março.

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