Índios e ribeirinhos bloqueiam parcialmente há cinco dias a BR-230 (Transamazônica), em Vitória do Xingu (PA), e impedem o acesso de operários ao sítio principal do canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, uma das principais obras do governo federal.

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Os manifestantes querem que sejam agilizados, por parte da empresa Norte Energia, responsável pelo consórcio construtor da obra, os cumprimentos das condicionantes do projeto básico ambiental, no qual a empresa diz já ter investido mais de R$ 150 milhões.

O clima está tenso no local. Manifestantes se apoderaram de três ônibus que transportam funcionários da obra e usaram para bloquear a rodovia. Na sexta-feira passada (23), um dos veículos foi incendiado, crime pelo qual ninguém foi preso.

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Nesta segunda-feira (26), um grupo de índios tentou invadir o canteiro de obras e relatou ao MPF (Ministério Público Federal) que foi recebido à balas de borracha e bombas por tropas da Força Nacional de Segurança. Na ação, quatro manifestantes ficaram feridos.

O MPF informou que o comandante da Força Nacional em Altamira será ouvido e que "já havia recebido relatos de trabalhadores e tinha um procedimento para investigar a legitimidade da ação da Força Nacional em defesa do patrimônio da Norte Energia".

"Com as agressões desta segunda-feira, a investigação do MPF passou a ser criminal", comunicou o órgão. A Folha não conseguiu contato com a Força Nacional para comentar o caso.

Outro lado

Também nesta segunda-feira, a Norte Energia informou que foi entregue a resposta às reivindicações apresentadas ao governo federal por indígenas.

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"A Norte Energia destaca que nenhuma área indígena será inundada pelas águas do reservatório da [hidrelétrica de] Belo Monte. As obras citadas se destinam à melhoria da qualidade de vida dos moradores das aldeias existentes, que permanecerão nos seus lugares atuais", comunicou.

Segundo a empresa, os únicos índios que serão remanejados para novos bairros em Altamira são os que já moram atualmente na cidade, juntamente com outros povos ribeirinhos e pescadores.

A Norte Energia informou também que assinou no dia 21 deste mês um termo de compromisso com a Funai (Fundação Nacional do Índio).

"As atividades previstas neste documento serão referendadas pela Funai e acompanhadas por um Comitê Gestor formado por representantes das comunidades indígenas, da Norte Energia e do órgão indigenista. O Comitê vai avaliar os planos anuais de trabalho apresentados pela empresa, que também serão submetidos às comunidades indígenas", informou a Norte Energia.

Os manifestantes responderam, de acordo com a empresa, que o termo de compromisso "não valia nada".

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