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Mansueto Almeida | Divulgação/Ipea
Mansueto Almeida| Foto: Divulgação/Ipea

Que resultados podemos esperar dos incentivos aprovados pela Câmara?

A intenção é boa, mas o resultado é incerto. A desoneração é muito pontual. O que realmente daria resultados positivos e teria efeito benéfico para a competitividade industrial local seria a desvalorização do câmbio. [O Brasil Maior] vai render uma retomada, mas não será a solução. O dólar não vai ficar neste patamar por muito tempo. Além do mais, a oferta de produtos fora do Brasil está muito alta, fazendo com que os preços caiam e a competição fique ainda mais feroz.

Para reduzir os custos, o governo desonerou a folha de pagamento. A medida é acertada?

A desoneração é muito pequena se comparada com todo o custo que a indústria tem. Além do mais, a competitividade da indústria depende também da infraestrutura, do transporte, da distribuição... O corte nos custos da folha é importante, mas não basta. Temos que mudar a estrutura de custos da indústria.

Mas se o orçamento está apertado, como é possível promover mais mudanças?

O nosso problema ainda é mais confortável do que o de grande parte do resto do mundo. Na Europa existe um problema sério de solvência. Eles não têm como sequer cumprir seus compromissos. Aqui, não. Nós temos folga de superávit primário, desemprego baixo e economia fiscal saudável. É possível, sim, otimizar a arrecadação com investimentos.

Outra medida para alavancar o setor foi mexer nas regras de alguns impostos, como IPI, COFINS e PIS. Qual o alcance dessas medidas?

Não resulta em praticamente nada. Nenhum empresário da indústria investe pensando em benefício fiscal de três meses. Isto só serve para desovar estoque. É importante, mas é muito pouco. Para mudar a estrutura do setor, mudar de patamar, promover inovação, é preciso pensar em políticas a longo prazo... cinco ou dez anos.

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