O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na noite desta quinta-feira (27), em evento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), em São Paulo, que a meta de crescimento de 4% para o país no próximo ano é "ambiciosa, mas exeqüível". Segundo ele, o governo brasileiro está disposto a tomar medidas para "impedir que a crise aborte o ciclo de crescimento vivido pelo país".
O ministro admitiu que o país enfrenta "desafios" devido à crise internacional. De acordo com Mantega, "ainda há problemas de oferta de crédito em dólar e em real, e o custo financeiro está muito elevado". Ele diz que o governo brasileiro está atento e monitorando desdobramentos da crise para enfrentar esses problemas.
Entre as medidas defendidas pelo país para estimular o crescimento no ano que vem está a continuidade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Teste de fogo
De acordo com Mantega, a solidez do sistema financeiro brasileiro foi posta à prova no auge da crise financeira, em setembro e outubro. "Enquanto no exterior vários bancos sucumbiram frente a uma das maiores crises da história, os bancos brasileiros absorveram competentemente o impacto", ressalta.
Segundo ele, o país possui "instituições financeiras capitalizadas, grau adequado de alavancagem e estão submetidas a regras mais rigorosas que a média internacional", ressaltou Mantega.
O ministro também lembrou que as conseqüências da crise no Brasil são menores que no resto dos países emergentes. Para ele, o país tem fundamentos sólidos e uma economia que ganhou "musculatura" com o crescimento do mercado interno nos últimos anos. "Isso indica solidez da política fiscal e dá solidez para enfrentar a crise."
Regulação internacional
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, presente ao mesmo evento, defendeu uma maior regulação para o funcionamento do sistema financeiro mundial. Segundo ele, os bancos "tendem a um otimismo exacerbado durante épocas de crescimento".
Na visão do presidente do BC, o ideal seria buscar novas regulações de provisionamento. Para ele, os bancos internacionais "não aproveitaram a época de bonança para aumentar o seu nível de capitalização", como aconteceu no Brasil.
"O Brasil fez isso. Acumulou reservas que agora podem ser usadas e recursos estão sendo liberados via compulsório", disse Meirelles, lembrando que o BC já liberou quase R$ 100 bilhões por meio de mudanças de regras no compulsório.
Segundo ele, com mais provisão, é possível diminuir os efeitos da crise. Para Meirelles, o sistema bancário brasileiro está em melhores condições que a média mundial por ter níveis de provisionamento superiores.
O presidente do BC disse que, em sua opinião, "a prudência compensa" e deixou como recado uma frase para os representantes dos associados da Febraban presentes ao evento: "Vamos devagar que eu estou com pressa."
O ano de 2008
O presidente da Febraban, Fábio Barbosa, afirmou que "enquanto 1968 foi o ano que nunca acabou, 2008 é o ano que todos querem que acabe logo". Para ele, a economia brasileira foi submetida a um "teste de estresse" por uma crise "que não é apenas financeira, mas econômica". No entanto, Barbosa disse que "tudo indica que podemos estar deixando para trás o momento mais agudo da crise".
De acordo com Barbosa, durante a turbulência os bancos nacionais "cumpriram o seu papel" e já aumentaram o nível de crédito disponível no mercado em outubro, na comparação com setembro. Segundo ele, os bancos nacionais são "sólidos e têm atuação transparente", sendo modelo de regulação bancária para o resto do mundo.
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