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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mostrou bastante insatisfeito com a Vale quando a empresa atrasou planos de investimentos em siderurgia que já haviam sido apresentados ao governo.

Segundo Mantega, o próprio ex-presidente da Vale Roger Agnelli solicitou audiências diversas vezes com Lula para expor planos de investimentos na área. "A Vale dizia que queria investir em siderurgia. Não escondo o interesse do governo para que a Vale não só explore minério, como também tenha valor agregado", disse o ministro.

Mas, apesar dos atrasos irem contra os interesses do País, alegou Mantega, o governo não realizou interferências no comando da empresa. "Não houve interferência. Lula usou o 'jus esperniate'. Mostrou sua insatisfação, mas não fez nenhuma intervenção", acrescentou. Ainda assim, Mantega argumentou que, por ter 60% de participação da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Vale tem que contribuir para o País, e não apenas olhar seus próprios interesses.

Em relação à participação do Bradesco - outro acionista da Vale - na saída de Agnelli, o ministro afirmou que a decisão do banco foi autônoma. "As palavras são um pouco exageradas. Eu dialoguei com Bradesco. Participei de uma reunião com todos e ninguém foi massacrado. Eles indicaram um técnico. Talvez houve politização por parte da Vale, mas não no governo. Sempre quisemos uma decisão profissional", completou.

Para Mantega, não houve nenhuma "anormalidade" no processo de troca do comando da mineradora. Ele disse que considera natural que o ministro da Fazenda se interesse pela companhia que tem participação pública e grande impacto na economia brasileira. "Conversei com os acionistas, inclusive com a Previ, que preside o Conselho de Administração. O processo foi dentro do que rege o estatuto da empresa", justificou Mantega.

Ele afirmou que não houve indicação política para a presidência da Vale. "Acho que o resultado foi positivo, e é vida normal. Não vejo nenhuma anormalidade no processo", disse. "Ninguém tem mais preocupações com as ações do Vale do que eu, porque meu fundo de garantia tem ações da empresa. Mas não vou fazer nada nem contra, nem a favor", disse.

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