O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou nesta quarta-feira (8) que os recursos decorrentes da concessão dos aeroportos de São Paulo, Brasília e Campinas não serão utilizados pelo governo para abater juros da dívida pública. Segundo ele, os R$ 24,5 bilhões passarão pela conta única do Tesouro Nacional e depois serão inteiramente direcionados ao Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), que tem como objetivo fazer investimentos no setor aéreo.

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"O dinheiro vai financiar investimentos no setor, principalmente em aeroportos regionais, que têm uma rentabilidade menor e não são passíveis de concessão", disse Mantega.

O ministro aproveitou ainda para alfinetar a oposição, que acusa o governo do PT de ter criticado a privatização de empresas estatais no governo Fernando Henrique Cardoso e agora segue o mesmo modelo. Segundo Mantega, a estratégia utilizada na concessão dos aeroportos é completamente diferente.

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"O (novo) modelo faz com que a nossa concessão seja diferente do modelo utilizado no governo Fernando Henrique Cardoso, que tinha na lei de concessão a obrigação de utilizar o recurso para pagar dívida. É uma diferença fundamental na forma de concessão. Ela entra no caixa do governo e será direcionada para o fundo do setor para ampliar a capacidade dos aeroportos."

O ministro disse que o governo não estuda fazer novas concessões de aeroportos nesse momento. Segundo ele, o plano é criar ao longo do tempo uma rede nacional composta por aeroportos principais e regionais com a ajuda das novas receitas de concessão.

"Não é correta a informação de que o governo estaria estudando a concessão para estados e municípios de aeroportos regionais. Não está previsto neste momento. Estamos pensando em criar uma rede de aeroportos, que tem os aeroportos principais e os regionais e é por isso que os recursos arrecadados com a concessão não irão para o Tesouro, não serão utilizados para o pagamento de dívida ou coisa parecida."

Segundo o ministro, os recursos de concessão também não vão afetar o contingenciamento do orçamento, que será anunciado nos próximos dias. Estima-se que o valor deve ficar entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões.

"O fato de o governo arrecadar R$ 24,5 bilhões não tem nada de afrouxar (o corte). Ainda não definimos o números. Será exatamente na mesma forma do ano passado, com (superávit) primário cheio", resumiu o ministro.

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Mantega também disse que o governo vai avaliar agora a capacidade financeira e de gerenciamento dos grupos que venceram o leilão de concessão dos três aeroportos. Segundo ele, as empresas podem contar com a ajuda de recursos do BNDES para fazer os investimentos necessários, mas também precisarão demonstrar que têm capacidade própria.

"Empresa tem que ter capacidade própria de financiamento, de investimento e de gerenciamento. Tem que ter condição financeira para fazer investimento e capacidade operacional para que nós tenhamos um excelente serviço nos aeroportos brasileiros. Ela vai poder conter com o BNDES porque em qualquer país do mundo você tem fontes de financiamento, mas tem que ter capacidade própria. Senão vem qualquer um e pega o dinheiro do BNDES. Tem que ter rating e capacidade de financiamento."

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