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As ações das empresas paranaenses não escaparam do fraco desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo nos primeiros meses do ano. Em meio ao pior resultado do mercado acionário brasileiro desde a crise de 2008, apenas duas das sete companhias do Paraná com maior negociação no mercado acionário tiveram resultados positivos.

INFOGRÁFICO: Confira o desempenho das empresas paranaenses na bolsa de valores

A contribuição favorável ficou com Bematech e América Latina Logística (ALL). Em compensação, Positivo Informática, Copel, Paraná Banco, Companhia Providência e Klabin tiveram queda nos preços das ações do início de janeiro até ontem.

O Ibovespa, índice que reúne as principais ações da Bovespa, acumula, desde o início do ano, uma queda de 20,87%. No primeiro semestre, o recuo foi de 22%, o maior tombo desde o mesmo período de 2008, quando a retração foi de 42,25%.

A previsão dos analistas é que o mercado acionário no segundo semestre continue a refletir o fraco desempenho da economia e a saída do capital estrangeiro. O investidor terá que ficar atento porque não há mais setores "blindados". Para Luiz Augusto Pacheco, gestor de portfólio da Inva Capital, "não está fácil" para nenhum segmento. Até mesmo os papéis ligados a setor de consumo, que vinham se sustentando nos últimos anos, dão sinais de esgotamento. A regra, segundo ele, é olhar empresa por empresa. Para Felipe Rocha, da corretora Omar Camargo, a expectativa é de manutenção do atual quadro pelo menos até as eleições. A sua recomendação é apostar em papéis defensivos – como empresas de energia, concessionária de rodovias e shoppings – e com foco em exportações, especialmente commodities. Ricardo Correa, diretor da corretora Ativa, diz que não há mais setores imunes à baixa das ações, mas algumas empresas das áreas de energia, varejo e concessões devem ter um desempenho ainda bom em 2013.

O que aconteceu com elas?

• Copel

André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Em meio à polêmica sobre a alta das tarifas de energia, as ações da Companhia Paranaense de Energia (Copel) registraram altos e baixos nas últimas semanas. A decisão de suspender o reajuste de 14,61% autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desagradou os investidores, que derrubaram os preços dos papéis. Por fim, a empresa resolveu aplicar o aumento parcial de 9,55%, mas ele não foi suficiente para reverter as perdas. No acumulado até julho, a queda nas ações foi de 11%. Para o analista estrategista da corretora Omar Camargo Felipe Rocha, o mau humor do mercado com a Copel foi provocado pela maior interferência do governo na condução dos negócios da empresa e da pouca agressividade na companhia nos seus planos de expansão. Na avaliação da corretora Ativa, as mudanças regulatórias no setor vão influenciar os números da companhia. O desempenho dos papéis daqui para frente vai depender de como a empresa vai colocar em prática seus planos de aquisições e ao mesmo tempo lidar com os custos de capital e política de dividendos.

• América Latina Logística

Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

A boa safra agrícola influenciou positivamente o desempenho dos papéis da América Latina Logística (ALL) no primeiro trimestre. Mas nos últimos meses as ações da empresa registraram forte volatilidade por conta de rumores sobre a possibilidade de aumento de capital. Estima-se que a ALL precise levantar entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões para fazer frente aos seus planos de melhoria de eficiência. A empresa negou as informações. Além disso, mais três fatores vêm impactando nos preços das ações da ALL, segundo Ricardo Correa, diretor da corretora Ativa. O primeiro deles foi o volume transportado apurado no segundo semestre, que, apesar da safra recorde, ficou abaixo das expectativas de mercado. Em segundo lugar, houve a estatização das operações da ALL na Argentina. Por último, o mercado ainda espera uma definição sobre o processo de entrada da Cosan no bloco de controle da empresa de logística, que ainda não tem prazo para ser concluído. Essa operação influenciará as estratégias futuras da ALL.

• Bematech

Divulgação/Bematech

Na contramão do mercado, a empresa de automação comercial registrou uma forte valorização dos seus papéis nos últimos meses, atribuída, pelos analistas de mercado, ao bem sucedido plano de reestruturação, iniciado há dois anos. No acumulado do ano, as ações da Bematech registram alta de 31%. O projeto de reestruturação foi implantado depois de um forte período de aquisições e incluiu ações para melhorar a receita e a rentabilidade. O processo consistiu da reorganização dos negócios de equipamentos, serviços e de uma maior orientação à venda de pacotes que incluem produtos dessas duas áreas e também softwares. No primeiro trimestre de 2013, a empresa conseguiu um crescimento de 10% na receita – para R$ 9,6 milhões – e de 20% no lucro líquido, para R$ 7,2 milhões. A projeção da companhia é crescer dois dígitos nesse ano.

• Paraná Banco e Companhia Providência

Os analistas acreditam que ambas as empresas foram penalizadas pelo mau momento do mercado acionário. Embora não tenham problemas operacionais e de resultados, as empresas sentiram os efeitos do pessimismo dos investidores. O setor bancário reflete a demanda por crédito e consumo, que vem perdendo fôlego. Os bancos médios tradicionalmente sofrem mais com a perda de confiança dos investidores. A Companhia Providência, por sua vez, ainda sofre com a baixa liquidez dos seus papéis.

• Klabin

Os investidores ainda aguardam a definição da empresa sobre o aumento de capital, estimado em R$ 1,7 bilhão, que vai ajudar afinanciar a construção de uma fábrica de celulose em Ortigueira, na região de Campos Gerais. A empresa informou que ainda vai avaliar as condições de mercado para a realização da oferta de ações. Diante da cotação atual das ações e do enfraquecimento do mercado financeiro, a empresa também estaria conversando com fundos de investimentos. A nova fábrica custará R$ 6,8 bilhões, dos quais R$ 5,3 bilhões em investimento e R$ 1,5 bilhão em ativos florestais. No último trimestre, a empresa reduziu em 30% seu prejuízo líquido, para R$ 129,8 milhões, e obteve receitas de R$ 1,09 bilhão, 6,2% superiores às do mesmo período do ano passado.

• Positivo Informática

As ações da fabricante de computadores não ficaram imunes ao forte aumento da concorrência nesse mercado e à desaceleração do varejo, o que espreme as margens da companhia. A empresa lidera as perdas entre as ações paranaenses, com queda de 19%. Um novo complicador é o dólar mais caro, que terá impacto nos custos da empresa, que importa a maioria dos componentes. "A Positivo Informática importa as mesmas peças que seus concorrentes e têm que vender a preços menores", diz Luiz Augusto Pacheco, gestor de portfólio da boutique de investimentos Inva Capital.

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