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O ano começou com os índices de inflação registrando altas acima do esperado por economistas e analistas do mercado financeiro. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,75% em janeiro e o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), 1,01%. Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, há uma pressão sazonal acima do previsto devido ao excesso de chuvas e à queda da produção de álcool além do esperado para este período de entressafra, além dos tradicionais aumentos de preços nos gastos relacionados à educação e aos transportes no começo do ano. Esse cenário, segundo ele, levou a MB Associados a antecipar a perspectiva de alta da taxa Selic de junho para abril.

"A inflação pode ir além da questão sazonal, pois os núcleos dos índices têm, há alguns meses, apresentado alta e acumulam variação de quase 5% no período de 12 meses encerrados em janeiro", afirma Vale. Além da inflação, a consultoria recorre a mais duas justificativas para a sua sugestão de que a retomada do ciclo de aperto monetário deverá se intensificar nos primeiros meses do ano: a recuperação da demanda e a sinalização de depreciação do câmbio, que devem manter o ritmo de alta do IPCA ao longo do ano.

"Se considerarmos a evolução por categoria de uso, não podemos esquecer o arrefecimento da alta de preços ocasionado pelas isenções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens duráveis em 2009, o que pode ser revertido este ano, trazendo pressão adicional sobre a inflação", prevê Vale. No caso de serviços, ele acredita que a alta não deve ser muito maior do que a verificada no ano passado já que a evolução dos IGPs foi negativa. "Mas a demanda sustenta uma expansão pouco abaixo de 7% no segmento", pondera.

Ainda no âmbito da inflação, "com alta de 0,75% em janeiro e 0 8% projetada para fevereiro e 0,4% para março, o IPCA deve ter média de variação de 0,3% ao mês até o final do ano", diz. Segundo ele, essa perspectiva justifica a previsão de inflação anual de 4,7%". O economista da MB Associados defende, no entanto, que os preços podem se acelerar devido à depreciação do câmbio. "O Banco Central tem indicado sua preocupação com essa evolução negativa e as últimas atas têm sido cada vez mais explícitas sobre os riscos inflacionários.

De acordo com Vale, poderá haver um arrefecimento no processo de aperto monetário já no final deste ano. A expectativa da consultoria é a de que a Selic encerre 2010 em 11,25% - atualmente a taxa está em 8,75%. É importante salientar que, apesar da avaliação sobre os riscos de inflação e da perspectiva de aperto monetário já em abril, o crescimento econômico deste ano não está sob risco na avaliação da consultoria. "Mantemos a expectativa de 6%, mas, para 2011, a projeção é de um crescimento certamente menor, de 4,5%", defende o economista da MB Associados.

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