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“Existe um processo de negociação e as entidades que representam os planos de saúde estão conscientes de que existe um desequilíbrio econômico entre o que é pago ao médico conveniado e o que ele recebe nas consultas particulares.”João Carlos Baracho, presidente da Associação Médica do Paraná. | AMP
“Existe um processo de negociação e as entidades que representam os planos de saúde estão conscientes de que existe um desequilíbrio econômico entre o que é pago ao médico conveniado e o que ele recebe nas consultas particulares.”João Carlos Baracho, presidente da Associação Médica do Paraná.| Foto: AMP

Desunião

Sem adesão dos médicos, consultas são agendadas normalmente

A tentativa de boicote não seduziu a classe médica do Paraná. Ontem, a Gazeta do Povo entrou em contato com 40 consultórios em Curitiba, Maringá, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa e na maior parte deles, o agendamento de consultas por convênio estava sendo feito normalmente. Somente em dois casos os atendentes informaram da possibilidade de cobrança.

Em um consultório de Curitiba, a orientação passada foi de que, caso a assembleia da Associação Médica do Paraná decidisse pela paralisação, as consultas marcadas por planos de saúde seriam canceladas durante 15 dias. O paciente também teria a opção de agendar particular, no valor de R$ 200.

Em Ponta Grossa, o médico Northon Hilgemberg afirmou que os consultórios deveriam aderir ao movimento pois, nos últimos anos, houve 150% de aumento nas mensalidades ao passo que o repasse teve um reajuste médio de 10%.

Colaboraram: Marcus Ayres, da Gazeta Maringá, Denise Paro, de Foz do Iguaçu, e Maria Gizele da Silva, de Ponta Grossa.

Os médicos paranaenses voltaram atrás e desistiram cobrar pelas consultas dos planos de saúde. A paralisação foi adiada em função da pressão da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Paraná sobre as operadoras de planos de saúde e da falta de adesão da classe. A comissão terá duas semanas para buscar um acordo – caso não obtenha sucesso, os profissionais prometem suspender o atendimento a usuários de planos por 15 dias.

Para que essa decisão ganhe validade, entretanto, o deputado Leonaldo Paranhos (PSC), presidente da comissão, deve apresentar ainda hoje uma carta com a Associação Médica do Paraná, o sindicato dos médicos e o Conselho Regional de Medicina o compromisso de intermediar a negociação. Se esse passo não for cumprido, os médicos prometem suspender o atendimento a partir da segunda-feira.

Há um mês, a Associação Médica Brasileira (AMB) tinha orientado os médicos a suspender o atendimento dos usuários dos planos de 10 a 25 de outubro, mas a decisão tomada em assembleia realizada ontem à noite pelo braço paranaense da entidade foi de aguardar a evolução das negociações que estão sendo feitas entre a Comissão e as operadoras. No Paraná, são 3,4 milhões de beneficiários dos planos.

"Existe um processo de negociação e as entidades que representam os planos de saúde estão conscientes de que existe um desequilíbrio econômico entre o que é pago ao médico conveniado e o que ele recebe nas consultas particulares", explica o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), João Carlos Baracho. Ele considera que os médicos podem repensar a cobrança nos próximos dias caso as negociações com as operadoras não sigam em frente.

A Comissão levou as reivindicações dos médicos do estado à Agência Nacional de Saúde (ANS) e às representantes das operadoras, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) e a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde). Os médicos pedem que as consultas sejam reajustadas, em média, em 120% e que os contratos entre os associados e as operadoras sejam revistos.

O deputado Paranhos afirma que a decisão da Agência Nacional de Saúde (ANS) de punir as operadoras com a suspensão da venda de novos planos vai contribuir para que as reivindicações dos médicos sejam ouvidas. A ANS suspendeu a comercialização de 301 planos de saúde de 38 operadoras por demora no agendamento de consultas e outros atendimentos.

De acordo com Claudia Silvano, diretora do Procon-PR, a discussão sobre a remu­neração dos médicos pelas ope­radoras de planos de saúde prejudica os consumidores. "A obrigação do consumidor é pagar em dia sua mensalidade. Qualquer cobrança além desta caracteriza desrespeito aos direitos do consumidor", diz.

Diante da possibilidade de paralisação, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) tam­bém fez um pedido de es­clarecimento ao Depar­ta­mento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Mi­nistério da Justiça, que encaminhou o caso ao Conselho Administrativo de Defesa Eco­nômica (Cade). Amil e Cli­nipam foram procuradas, mas não responderam ao contato da reportagem até o fechamento da edição.

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