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Atualizado em 14/09/2006, às 19h30

A Associação Nacional dos Médicos Peritos decidiu na noite desta quinta-feira (14) que a categoria entra em greve por tempo indeterminado a partir desta sexta-feira. Após uma paralisação nacional de advertência nos últimos dois dias, a categoria optou por manter a paralisação após uma webconferência realizada entre os representantes regionais da categoria.

"Tendo em vista a morosidade do INSS, que não foi capaz de reconhecer o clamor dos médicos peritos por reconhecimento das características de risco do trabalho, a categoria decidiu nesta quinta-feira decretar greve por tempo indeterminado a partir de amanhã (15 de setembro)", explica a decisão da ANMP. Segundo o presidente da Associação Paranaense dos Médicos Peritos da Previdência Social, o médico Chil Zunsztern, a adesão dos representantes estaduais foi de 80%.

A paralisação, que a princípio era apenas de advertência, pretende sensibilizar à população para as as reivindicações dos médicos, que pedem melhorias nas condições de trabalho e mais segurança para realizar as perícias. Recentemente, segundo o presidente da APMP, Chil Zunsztern, um homem jogou álcool em um médico e ameaçou colocar fogo se ele não aprovasse sua perícia. "Já em Curitiba teve outro caso de uma mulher com o vírus do HIV que saltou sobre um médico e começou a arranhá-lo por discordar do seu parecer".

De acordo com a APMP, pelo menos 4 mil perícias médicas deixaram de ser feitas nesta quinta-feira em decorrência da greve de advertência dos médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país. A adesão ao movimento variou. De acordo com o INSS a adesão foi de 80% dos médicos, enquanto a Associação Paranaense de Médicos Peritos da Previdência Social diz que 90% cruzaram os braços.

Segundo a APMP, são 4.800 médicos peritos no país, mas só existem 1.380 consultórios. A falta de estrutura, segundo Zunsztern, é um dos fatores que contribui para a demora nos atendimentos.

A assessoria de imprensa do INSS afirmou que das 51 agências do órgão espalhadas pelo Paraná, apenas 18 não funcionaram nesta quinta. Em Curitiba e região metropolitana, as 11 agências não efetuaram perícias, mas os funcionários administrativos reagendaram algumas que já estavam marcadas. Ao todo, 62 médicos pararam de trabalhar nesta quinta na capital e 500 pessoas deixaram de ser atendidas na capital.

Nas dez agências da região de Londrina, no Norte do Paraná, apenas as unidades de Apucarana, Arapongas, Cambé e duas em Londrina não fizeram perícias. Em Ponta Grossa, na região Campos Gerais, das 10 agências, uma em Telêmaco Borba e outra em Ponta Grossa não funcionaram. Na região de Maringá, Noroeste, (8 agências) e no Oeste, em Cascavel, (13 agências) não houve adesão.

Segundo o médico Chil Zunsztern, a morte da médica Maria Cristina Souza da Silva em Governador Valadares-MG, delegada da Associação Nacional dos Médicos Peritos – assassinada nesta quarta-feira quando saía de casa – pode mudar os rumos do movimento. "A previsão era de uma greve de advertência de dois dias e, se não tivéssemos retorno, uma nova paralisação – daí por tempo indeterminado – começaria no dia 20. Agora sabemos que a executiva nacional pensa até em emendar as greves devido a morte da médica mineira".

No Brasil

A decisão sobre a continuidade da greve foi tomada pela executiva nacional da ANMP. "O enterro da médica assassinada ontem (quarta) fará com que o movimento seja estendido. É pena que tivemos que esperar uma desgraça como essa para que prestem atenção à nossa causa", concluiu Zunsztern.

Nesta manhã, a juíza Emília Maria Velano, da 15.ª Vara Federal de Brasília, decretou a legitimidade da greve. Contudo, a decisão só vale se 30% dos médicos continuarem trabalhando nos casos de emergência.

Confira como ficou o atendimento em Curitiba na reportagem do ParanáTV

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