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Mais DuPont que Charlie Copeland é impossível. Enquanto Macauley Whiting é 100% Dow.

Agora suas famílias — duas dinastias na área de negócios nos Estados Unidos com mais de 300 anos de história em conjunto — se enlaçam num casamento de US$ 130 bilhões entre a Dow Chemical e a DuPont, que vai não apenas renovar dois baluartes do poderio industrial americano, mas também reformular as famílias por trás dessas companhias.

Copeland, de 53 anos, é um dos cerca de quatro mil descendentes da DuPont que cuidaram e ganharam com a fortuna da família desde que E.I. du Pont iniciou a produção de pólvora às margens do Rio Bandywine, em Delaware, em 1802. Já Whiting, 58 anos, cresceu em Midland, Michigan, onde seu bisavô, Herbert Henry Dow, fundou a Dow Chemical em 1897.

Os dois, e seus respectivos clãs, avaliam agora o que a fusão entre a DuPont e a Dow Chemical vai representar para as duas companhias, suas comunidades e os nomes e as fortunas de suas famílias.

Copeland é sobrinho de Lammot du Pont Copeland, que foi diretor executivo na década de 1960. Ele cresceu acreditando que a DuPont jamais deixaria Delaware, ou os lendários domínios de sua família.

“A DuPont era parte da indústria Delaware e da indústria da família”, diz Copeland.

Whiting cresceu em Midland, Michigan, desejando se tornar um engenheiro químico como foi seu bisavô, responsável pela criação da companhia.

“Dow and Midland são quase sinônimos”, conta ele.

LAÇOS DE FAMÍLIA

Já são nove gerações desde que E. I. du Pont chegou a Delaware vindo da França. Ao passar dos anos, enquanto a empresa crescia e prosperava, a família ganhava destaque com nomes como Pierre S. du Pont, que ajudou a montar a General Motors como presidente a partir da década de 1910, e Pierre S. du Pont IV, que ajudou a implementar a indústria de cartão de crédito de Delaware quando foi governador nos anos 1980.

Depois, houve ainda John E. du Pont, que em 1997 foi condenado pela morte de um lutador Olímpico em sua propriedade na Pensilvânia —personagem que inspirou o filme “Foxcatcher”.

Por comparação, existem apenas quatro ou cinco gerações de Dows desde que Herbert Henry fundou a companhia em 1897, com base em seu método para extrair o elemento bromo de poços de Midland. Whiting lembra de crescer em crescer em uma “cidade famíliar” domintada pela Dow. Depois, seguiu para a Costa Leste dos EUA para fazer faculdade e descobriu outro rico legado da família.

“Eu estudei em um prédio de química da DuPont em Princeton (Universidade de Nova Jersey)”, conta ele.

Depois disso, Whiting foi realocado para Freeport, no Texas, para trabalhar para a Dow. Ele lembra da companhia com estável na época, mas sem crescimento rápido. Quatro anos depois, ele deixou o negócio em busca de algo mais dinâmico e, em 1982, deu início a sua própria empresa.

Posteriormente, em 2012, ele vendeu sua companhia, a Decker Energy International, de produção de energia de biomassa, e agora é presidente da Fundação Herbert H. e Grace A. Dow, uma das principais entidades em benfeitoria em Michigan.

PERDENDO FORÇA

Para Copeland, a ideia de que a DuPont estava perdendo forças surgiu quando, após a faculdade, ele foi trabalhar na fábrica de dióxido de titânio, na Costa do Golfo do Mississippi. À época, no fim da década de 1980, a companhia gastava mais do que recebia, diz ele.

“Foi quando começou a redução da empresa, vendendo negócios e mexendo no portfólio”, conta Copeland.

Copeland partiu depois de sete anos, em 1992, para dar início a um negócio próprio. Hoje, ele é presidente da Associates International, de marketing e comunicação. Ele atuou por um período no Senado estadual de de Delware e atualmente é presidente do Partido Republicando do estado.

Neste verão, os Dow realizaram um encontro da família em Midland do qual cerca de cem dos perto de 180 descendentes vivos de Herbert e Grace Dow participaram, segundo Whiting. Eles fizeram eventos na antiga propriedade do fundador da companhia e também em um estádio de baseball que a Dow Chemical e a Fundação Herbert e Grace Dow ajudaram a financiar uma década atrás.

Foi entre eles que Whiting ouviu os primeiros rumores de que a Dow estaria interessada em vender ou fazer uma fusão de seu negócio na área agrícola, conta ele. Ele não esperava, contudo, que a transação englobaria toda a companhia.

Para Copeland, os sete meses desde que a ex-diretora executiva da DuPont, Ellen Kullman, derrotou o investidor Nelson Peltz, do Trian Fund Management, trouxeram muitas surpresas. Ele não esperava que Ellen deixasse a empresa tão rápido, o que ela acabou fazendo em outubro. E o negócio com a Dow foi anunciado apenas dois meses depois disso.

Dow e DuPont divulgaram a fusão na manha da última sexta-feira, explicando se tratar do primeiro passo de um plano para criar três novos negócios focados em agricultura, commodities químicas e produtos especiais. O acordo deve gerar US$ 3 bilhões em economia de gastos, dizem as duas companhias.

Ele resultou de dois anos de pressão vinda de investidores ativistas que argumentavam que acionistas de ambos os grupos teriam maiores ganhos se houvesse essa divisão.

CULTURA CORPORATIVA

A experiência lembra Copeland de um artigo que leu sobre como a cultura corporativa americana nos últimos anos teve mais foco em corte de custos do que em crescimento, comenta.

“Agora, com a DuPont potencialmente eliminando os últimos vestígios de sua presença aqui, o impacto em um pequeno estado como Delaware é possivelmente catastrófico”, disse Copeland.

Os temores de Whiting são dessa mesma linha:

“Essa fusão é boa notícia para Wall Street e para os acionistas”, ele diz. “Espero que também seja uma boa notícia para Midland”.

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