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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse neste domingo (10) que houve avanço nas discussões cambiais na Reunião Anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, mas que espera que algum acordo entre países possa ser alcançado na reunião do G-20, em Seul, em novembro deste ano.

"A discussão caminhou nessas reuniões do FMI. Não foi conclusiva neste momento, como prevíamos. No entanto, ela caminhou bastante", afirmou Meirelles a jornalistas no FMI, em Washington. "E é muito importante que estejamos todos trabalhando agora no âmbito ministerial para preparar a reunião dos chefes de Estado, em Seul, do G-20, que será decisiva", completou.

Meirelles disse que a posição do Brasil em relação aos desequilíbrios cambiais ficou muito clara durante os encontros do FMI nos últimos dias. "O Brasil fez a sua parte. Está fazendo a sua parte", disse. "O Brasil não pode aceitar, e não o fará, desequilibrar sua economia, aceitando desequilíbrios de outros países, como na questão do desequilíbrio de moedas. Isso não é correto. O Brasil toma suas medidas de defesa e propõe a discussão em nível global".

O Brasil, assim como outros países, tem adotado medidas para evitar uma supervalorização de suas moedas ante o dólar. É "a guerra cambial", como batizou o momento atual o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também esteve presente nas reuniões do FMI. Além de continuar engordando suas reservas internacionais, recentemente o Brasil aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para 4% para capital estrangeiro com o objetivo de conter o fluxo de dólar para o País.

Questionado se o Banco Central irá retomar os leilões de swap cambial reverso - que representa uma compra de dólar no mercado futuro, elevando a cotação da moeda americana -, Meirelles disse: "Vamos aguardar. Não vamos discutir medidas futuras". Mas foi categórico ao dizer que "o Brasil vai proteger sua economia".

Discussão global

A possibilidade de um acordo global em torno da questão cambial - por questões estruturais o dólar está em queda em relação à maioria das divisas do mundo - é avaliada com descrença por muitos, visto que nas duas pontas principais desse cabo de guerra estão Estados Unidos e China, que não parecem dispostos a ceder nesta disputa por maior competitividade comercial global. A China avalia que tem feito a sua parte para fortalecer o yuan, mas analistas acreditam que o movimento tem ocorrido a conta-gotas.

Segundo disse recentemente o economista Nouriel Roubini, a analistas em Nova York, "a China faz de conta que está valorizando o yuan". Já os Estados Unidos continuam inundando a economia de dólares. A expectativa é que o Federal Reserve, o banco central americano, opte por afrouxamento quantitativo - comprando mais títulos da dívida de longo prazo do país.

Meirelles também disse que os EUA, com sua política monetária expansiva, e não os países emergentes e suas políticas de acúmulo de reservas internacionais, é que podem ser responsabilizados pelos desequilíbrios atuais. "Hoje o desequilíbrio mais importante é a expansão monetária norte-americana, usada para combater o baixo crescimento e o desemprego ainda elevado nos Estados Unidos. Isso ocasiona a grande injeção de liquidez na economia internacional. Não é o acúmulo de moedas de emergentes que vai assumir essa responsabilidade", afirmou.

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