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Aumento da demanda por ensino integral pesou na folha de custos das escolas, segundo o setor | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Aumento da demanda por ensino integral pesou na folha de custos das escolas, segundo o setor| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Colégios privados oferecem descontos para fidelizar pais e alunos

Em Curitiba, as escolas particulares adotam a política de oferecer descontos para aumentar o número de alunos e reduzir a inadimplência. São comuns, por exemplo, descontos para quem matricula mais de um filho e para quem paga a anuidade em parcela única ou adianta mensalidades. Isso não impede que escolas sejam criativas ao oferecer descontos – caso de uma instituição do Centro de Curitiba que dá abatimento de 15% para sócios do Coritiba.

Quem matricula os filhos nos turnos menos procurados também pode pagar menos – caso das turmas vespertinas para ensino fundamental e médio, e do turno matutino para educação infantil.

Renda e desempenho

A negociação de valores é possível, mas a abertura varia de escola para escola. "A maioria das escolas é flexível, mas parte delas têm contratos inflexíveis", diz Jacir Venturi, do Sinepe-PR. Para a negociação, contam fatores como a renda da família e o desempenho do aluno, que precisa manter as notas e o comportamento em dia.

Fora isso, o Código de Defesa do Consumidor estabelece que os pais têm direito a questionar reajustes altos e que a multa em caso de atraso no pagamento de mensalidade não deve ultrapassar 2% sobre o valor.

O reajuste das mensalidades para 2015 nas escolas particulares de Curitiba e região deve ficar acima da inflação acumulada nos últimos 12 meses até setembro – 6,75% no país e 7,13% na capital – e da expectativa do governo para 2014 – 6,20%. É o que aponta levantamento da Gazeta do Povo feito com cinco colégios privados que aceitaram revelar os seus índices de correção para o ano que vem – Medianeira, Adventista, Bagozzi, Novo Ateneu e Expoente. Em média, o reajuste nestas escolas será de 9,8%. Acima dos 9% de inflação nos últimos 12 meses medida pelo IBGE para o ramo de cursos regulares, que abrange de creches a pós-graduações e compõe o setor de educação.

INFOGRÁFICO: Veja os reajustes previstos

Entre os fatores que explicam a alta, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particular do Paraná (Sinepe-PR), está o dissídio dos professores particulares, que está em 7% anuais desde 2012. A tendência é que se mantenha acima da inflação também no acordo coletivo do próximo ano, que tem data-base em março. "As escolas não querem perder talentos [professores] para as concorrentes e esses profissionais são segurados com salário", explica o presidente do Sinepe-PR, Jacir Venturi. Ele ressalta que a entidade não faz projeção de reajuste porque "o mercado é livre" e a mesma escola pode variar as correções de acordo com o tipo de ensino e até os turnos das aulas.

Em contrapartida, as escolas argumentam que a competição contribui para segurar reajustes maiores. "Embora o mercado tenha crescido representativamente, está muito competitivo. As escolas temem ociosidade, algumas fecharam", enumera o presidente do Grupo Expoente, Armindo Angerer. Por isso, algumas instituições, como o Bagozzi, mantiveram preços achatados nos últimos anos, optando por torná-los mais próximos do mercado gradualmente. "Desta forma, nossos valores a cada ano poderão sofrer reajuste um pouco acima da média do setor e da inflação, se estabilizando com o tempo", diz o diretor administrativo do Bagozzi, Valdeci Melo.

Segundo Venturi, as escolas estão atentas a um provável aumento da inadimplência em 2015. O índice tem se mantido em torno de 8% desde 2010. "Com o atual cenário econômico, é possível que cresça", prevê. Outro fator que contou no cálculo é o aumento da demanda pelo ensino integral – que pede oferta de alimentação e mais funcionários –, além do aumento no número de aulas de contraturno e da necessidade de renovação tecnológica, que é tanto pedagógica quanto de recursos.

Tradição

A alta acima da inflação para a educação é uma constante. Em 2012, quando a inflação foi de 5,84% no país, os reajustes do setor chegaram a 7,78%. Já em 2013, a diferença foi entre 5,91% e 7,94%. Nos dois anos, o que alavancou os preços do segmento foram mesmo os serviços – cursos regulares e os "diversos", que incluem idiomas e preparatórios. A situação vem se repetindo em 2014. Até setembro, o destaque do aumento de preços continuam os serviços, em especial educação infantil e ensino fundamental.

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