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O empresário Reynaldo e os filhos (em sentido horário) Reynaldo, Tomazzo, Breno e Gyovana: 20% da renda com gastos escolares | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O empresário Reynaldo e os filhos (em sentido horário) Reynaldo, Tomazzo, Breno e Gyovana: 20% da renda com gastos escolares| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Gastos

Mudança de série também eleva custo

Se a mudança de ano no calendário já dá a certeza de um aumento médio de 6% no custo nas mensalidades, a mudança de série dos alunos também pode esconder surpresas desagradáveis para os pais.

A passagem da 2ª para a 3ª série do ensino fundamental, por exemplo, apode significar um salto de mais de 20% nas mensalidades. As escolas explicam que, em casos como esse, a troca de ano letivo também implica em custos adicionais com infraestrutura. "O salário dos professores também aumenta com a mudança", justifica o diretor geral do Colégio Positivo, Carlos Dorlass.

Planilha

Vale lembrar que os pais têm o direito de acessar a planilha de custos da escola. Ela deve ser fornecida sempre que solicitada diretamente à secretaria da instituição de ensino.

Os serviços educacionais são enquadrados no Código de Defesa do Consumidor e qualquer abuso pode ser encaminhado ao Procon. Para orientar as famílias, o órgão desenvolveu, em parceria com o Sinepe-PR, uma cartilha com informações com as regras que devem pautar a relação de alunos e pais com as instituições privadas de ensino. O material informa sobre as regras de matrículas, inadimplências, descontos, juros e multas, entre outras questões. A cartilha pode ser acessada pelo www.sinepepr.org.br/Procon/procon.html .

  • Veja gráfico - Reajuste na mensalidade escolar deve ficar entre 4,5% e 7,5% em 2010

As mensalidades do ensino básico, médio e superior terão reajuste médio de 6% para o ano letivo de 2010, segundo projeção do Sin­di­cato dos Estabelecimentos Particu­­la­­res de Ensino do Paraná (Sinepe-PR). Com isso, o aumento acumulado no custo do ensino entre 2005 e 2010 no estado deve superar em 10 pontos porcentuais a inflação registrada no mesmo período. Neste intervalo, as mensalidades escolares registraram alta de 44%, enquanto a inflação teve aumento de 34%, de acordo com cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconô­­micos (Dieese).Nem mesmo a desaceleração da inflação em 2009 – que deve fe­­char o ano em 4,3%, frente a 6,48% de 2008 – foi suficiente pa­­ra reduzir o ritmo dos reajustes das escolas particulares que, pelo sexto ano consecutivo, ficarão acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo IBGE. Para o empresário Reynaldo Gabardo Júnior, que mantém seus quatro filhos em instituições privadas de ensino, as novas mensalidades devem comprometer ainda mais a renda da família – que hoje gasta 20% dos rendimentos com as escolas. Para aliviar esse impacto, o empresário diz que pretende reduzir gastos com lazer, vestuário e cursos extracurriculares dos fi­­lhos. "A gente acaba tendo que op­­tar. Em vez de cada um fazer duas ou três atividades, tem que dar uma peneirada e escolher apenas uma", diz. Por enquanto, Ga­­bardo Júnior não prevê transferir os filhos para escolas públicas. "Não se compara a qualidade do ensino dos colégios particulares com os públicos. Então, na medida do possível, enquanto há condições de manter todos em escolas particulares, manteremos", afirma.

A auxiliar financeira Mariana Lemos de Godoy conta que em 2008 precisou trocar a filha Ana Carolina de pré-escola por causa do aumento nas mensalidades. A mudança, para outro colégio particular, representou uma economia mensal de R$ 250. "Mas a mu­­dança da qualidade do ensino é bem visível", lamenta.

Na avaliação de Sandro Silva, economista do Dieese, essa migração é uma tendência. "Cada vez mais o trabalhador da classe média está gastando uma parcela maior dos salários com as mensalidades escolares. Ano após ano, torna-se muito mais caro bancar esses custos de formação. Isso pode, no médio prazo, comprometer o futuro do setor".

Para o economista, ao contrário do que ocorreu em anos anteriores, não há nada que justifique o aumento acima da inflação em 2010. "A inflação desacelerou, o aumento da tarifa de energia elétrica não foi repassado ao consumidor e os salários dos professores ficaram defasados em 6,92% em relação ao aumento das mensalidades nos últimos cinco anos", analisa.

Projeções

O presidente do Sinepe-PR, Ade­­­­mar Pereira, diz que é equivocado balizar os reajustes apenas com base nos índices da inflação. "Uma escola não trabalha ape­­nas com a inflação. Existem outros gastos, além do custo com folha de pagamento. É preciso uma planilha projetada para o próximo ano. Alguns investimentos em infraestrutura e material pedagógico tam­­­­bém podem justificar um au­­mento acima da inflação", diz.

A Federação Nacional das Escolas Particulares aponta que a elevação dos índices de inadimplência também pressiona o reajuste das mensalidades. O índice de pendências financeiras, medido pelo Serasa Experian, no entanto, registra queda de 0,07% entre outubro de 2008 e agosto de 2009. No acumulado do ano, o nível de inadimplência sofreu queda de 3,84%.

Colaborou Fernanda Stoppa

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Interatividade: Você considera mudar seus filhos para uma escola pública se as mensalidades das particulares continuarem subindo?

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